Uma hierarquia desordenada?

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Quem manda em sua casa?

Portanto, cada um vocês também ame a sua mulher como a si mesmo, e a mulher trate o marido com todo o respeito. Filhos, obedeçam a seus pais no Senhor, pois isso é justo. “Honra teu pai e tua mãe”…

(Efésios 5.33-6.1-2 – leia Efésios 5.22-6.9).

– Quem manda em sua casa?Quantas vezes ouvimos esta pergunta? Alguém falando em tom sério ou mesmo brincando, questionando o papel de cada integrante na família. Fui educado quando criança ainda sob os ares da ditadura militar: “Manda quem pode, obedece que tem juízo”; “Você sabe com quem está falando?”; “Aqui em casa mando eu”. Você já se perguntou: qual é o meu papel no lar, no espaço da família?

Emerson Eggerichs, em seu livro Amor o que ela mais deseja, e respeito o

que ele mais precisa, defende a tese do que ele chama “círculo insano: ele reage sem amor, ela reage sem respeito”, e como conseqüência uma ação gera outra reação, num círculo interminável. E isso também se aplica ao relacionamento com os filhos, quando não se tem orientação, limites, educação no sentido mais amplo e transformador da palavra. Hoje não é incomum ver crianças dominando seus pais. Na verdade, a casa gira em torno delas. Está comprovado, por meio de pesquisas, que em uma porcentagem expressiva são os filhos até 17 anos que influenciam seus pais na compra do “próximo carro”, compra da alimentação etc.

A Bíblia foi escrita no contexto de uma sociedade patriarcal. O marido era responsável pela missão do lar – trabalhar, prover recursos necessários para a sobrevivência da família – e a mulher deveria ser “submissa”, ou, numa melhor tradução, estar ‘sob a missão’ do marido, ou seja, ser uma auxiliadora na administração do lar, na educação dos filhos etc. Veja os exemplos de Eva, ou da mulher virtuosa, que apontam para a missão da mulher na Bíblia. Ou ainda os Salmos 127 e 128, que nos falam do relacionamento familiar idealizado por Deus.

Haveria espaço para esta discussão em nossos dias? Quando discutimos “papéis no lar”, na verdade estamos discutindo de forma mais profunda a questão do poder! Se nossa oração fosse sempre: Senhor, mais do que poder de Deus, eu quero ter o caráter de Deus na minha vida, família, trabalho, igreja, etc., com certeza o exercício dos papéis em casa seriam diferenciados.

Muitas pessoas insistem numa hierarquia familiar. Prefiro acreditar que a liderança em casa não se dá por meio do exercício do poder e controle, mas da submissão mútua (Efésios 5.21). Encontramos no texto de Efésios o autor pedindo que os maridos deveriam ser imitadores de Jesus, eles teriam uma liderança espiritual e deveriam amar com amor sacrifical, ou seja, uma entrega total. O marido deve amar a mulher como a si mesmo; a esposa deve respeitar o seu esposo; os filhos devem cumprir o mandamento de Deus, honrar pai e mãe. A organização familiar é muito simples: somos submissos um ao outro em amor. A Bíblia diz que precisamos considerar o outro superior a nós mesmos, e a família deve ter Cristo como seu Senhor e cabeça do lar! Devemos buscar como referência familiar a orientação de Jesus. O modelo está estabelecido. Não devemos medir forças, mas cada um deve procurar respeitar seu espaço em casa.

A grande crise ocorre quando não respeitamos o outro no lar, não aceitamos as decisões, contrariamos princípios. Somos desafiados a buscar o querer de Deus para nossa família e com isso a harmonia proposta pelo Pai para o nosso lar. A ordem de Deus é sermos bênção uns para os outros (Gênesis 12).

Marcos Antonio Garcia

Revista LarCristão / Padom

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