A jornalista Suzana Singer, do Jornal Folha de São Paulo, publicou no último domingo, (7), sua opinião sobre a cobertura que a imprensa brasileira tem dado ao caso em que o deputado federal Marco Feliciano, tem enfrentado diante da Comissão dos Direitos Humanos.
Suzana, que além de jornalista é ombusdsman do jornal, – cargo que confere a ela a obrigação de procurar excessos e falhas nas publicações do veículo -, eu artigo intitulado “Santo ou Satanás?”, criticou a postura adotada pela maior parte da imprensa brasileira, que segundo ela tem uma visão ‘estereotipada e preconceituosa dos evangélicos’.
Ela começa seu texto lembrando que “Daniela Mercury, Caetano Veloso, Fernanda Montenegro, Wagner Moura, Yasmim Brunet… gente bonita e famosa já expressou, com palavras e beijos, o inconformismo com a permanência do deputado Marco Feliciano na presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados. Cada um desses protestos ganhou amplo espaço na mídia.”
Suzana diz ainda que embora a Folha tenha publicada na semana passada uma entrevista com Feliciano e um artigo em que Malafaia o defende, o espaço que os evangélicos tem ainda é muito pouco diante das dezenas de textos negativos (reportagens, colunas e editoria), publicados desde que o caso estourou.
“Falta dar espaço às vozes dissonantes daqueles que criticam a cobertura da mídia e se recusam a entrar na corrente “anti-Feliciano””, escreveu Suzana, além de publicar algumas frases que a grande mídia não deu destaque.
Frases:
“Vivemos uma época de patrulhamento. A imprensa elevou o deputado à categoria de pop star. Estou me lixando para ele, mas não concordo com a forma como é tratado. O jornal não cita a profissão de nenhum parlamentar, mas Feliciano é sempre ‘pastor’, o que impõe uma carga pejorativa à palavra. Há um estereótipo do evangélico repetido à exaustão na mídia.” – Patrícia Marinelli, 41, advogada, São Paulo, SP
“Feliciano não é racista. Ele deu a sua visão teológica dos homossexuais e dos negros. Nas igrejas evangélicas, ajudamos a todos, não importa a origem ou a crença.
A imprensa só abre espaço para as críticas e pinça palavras isoladas para criar uma imagem desfigurada do deputado.
Feliciano foi eleito deputado pelo povo e foi escolhido para a presidência pelos seus pares. Os ativistas, nada democráticos, resistem à alternância de poder na comissão, que até então era dirigida por partidos de esquerda. Delito de opinião é o que os manifestantes estão fazendo, ao não respeitarem quem pensa diferente.” – André Luiz Pinho Gadêlha, 52, petroleiro e pastor evangélico, Parnamirim, RN
“Por mais que eu discorde da postura teológica de Feliciano, acho que sua permanência na Comissão é tão legítima quanto a de Renan Calheiros na presidência do Senado, a de Henrique Alves na Câmara e a de José Genoino e João Paulo Cunha na Comissão de Constituição e Justiça. Todos foram eleitos.” – Cristian Mesquita, 33, servidor público, Rio, RJ
“Se Feliciano fosse padre, a imprensa não faria esse estardalhaço. As posições do papa são até mais conservadoras, porque ele prega contra a camisinha e a pílula.
Não deram ao deputado chance de trabalhar, fazer alguma coisa, mostrar quem é. Ter opinião neste país ainda é crime.” – Samuel Lourenço, 68, servidor público aposentado, Franca, SP
“Há uma volta da patrulha ideológica. Tolerância e pluralidade significam debater todas as ideias.
Existe uma campanha invisível, porém sensível, para atrelar a figura genérica de qualquer pastor e qualquer evangélico às visões do deputado. É uma Inquisição, que visa tornar o termo ‘evangélico’ sinônimo de intolerante.” – Carlos Alberto de Paula, 52, tradutor, Miami, Flórida
“Tenho acompanhado as reuniões. A imprensa não critica a atitude dos manifestantes, que fazem de tudo para cancelar as sessões. Em nenhum momento a Folha foi atrás de saber quem são essas pessoas que estão numa quarta-feira à tarde protestando.” – Ademir Morata, 42, assessor de imprensa, São Caetano, SP
Suzana encerra seu artigo dizendo que “Mesmo sem concordar com todas as críticas acima, é importante reconhecer que a cobertura do caso Feliciano ganhou ares de linchamento. E não há dúvida de que existe na grande imprensa brasileira uma visão estereotipada e preconceituosa dos evangélicos.”
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