Família que perdeu tudo com incêndio pede ajuda

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“Olhei para o lado e vi que meus filhos estavam comigo, foi a primeira coisa que pensei, neles”. Essas foram as palavras do vendedor Carlos Aparecido Lima da Silva, 35. Morador da Rua Astúrio Luiz Braga, no Bairro Portal Caiobá II, em Campo Grande, ele perdeu a casa no dia 30 de dezembro. Um incêndio pôs fim ao que a família havia construído. Silva é pai de três crianças e agora, junto com a esposa está preocupado com o que vem pela frente. Os cinco tiveram que ir morar na casa da mãe dele, no Santo Emília.O semblante do pai de família no meio dos escombros revela a sensação de impotência diante de uma das piores experiências enfrentadas juntos. Os únicos objetos que não foram consumidos pelo fogo são a geladeira, o fogão e a televisão. O armário, a cama das crianças e o guarda-roupas, recém comprados pela esposa de Silva, viraram cinzas.

Enquanto a equipe do Midiamax andava por cima dos destroços que restaram da casa, um urso de pelúcia estava escondido em meio aos tijolos. Ainda se sente o cheiro de queimado ao redor dos pilares que não mais sustentam a estrutura da casa simples, de alvenaria.

Ao Midiamax, Silva contou como tudo aconteceu. Evangélico, ele estava na igreja quando um vizinho foi avisá-lo que a casa dele estava pegando fogo. Imediatamente correu para o local onde se juntou aos amigos para tentarem apagar o fogo. Um dos vizinhos, o armador de ferragem Euzébio Freitas Dias, 33, conta que acordou com o barulho. Era outro morador que tentava arrombar a porta da casa de Silva.

“Eu escutei umas batidas e fui ver o que era, foi aí que eu vi que a casa do meu colega estava pegando fogo”, conta Dias ao relembrar com tristeza do penúltimo dia do ano de 2009 que ficará marcado para sempre na vida dele e principalmente, da família Silva. Um curto circuito pode ter sido a origem do problema. A fiação da casa era antiga. “Não sei o que foi, só sei que tudo começou no quarto das crianças”, relata o dono da casa sem ao menos ter a certeza de como sua casa foi destruída.

União versus desespero

O episódio resume a dificuldade de levar auxilio aos moradores de bairros distantes. O Portal Caiobá fica ao menos 20 quilômetros do centro urbano de Campo Grande. Os bombeiros foram acionados, mas como o fogo destruía rapidamente o pouco que a família tinha, os vizinhos decidiram tentar intervir. Eles usaram mangueiras e até baldes com água. Porém, as chamas aumentavam cada vez mais até que a situação fugiu do alcance dos moradores.

“O Corpo de Bombeiros demorou mais de 40 minutos para chegar, pois veio pelo caminho errado e ficou atolado em uma rua aqui perto”, conta o vizinho

Euzébio ao relatar que na tentativa de salvar a casa, até o cano de água que vem da rua foi cortado.

Mãe

A esposa de Silva, Glaucilene Vera de Souza da Silva, 31, estava no trabalho na hora do incêndio, conta. Ao ver a casa em chamas, começou a chorar. Enquanto as labaredas consumiam a residência, a pequena Milena, de 3 anos, filha do casal, passava a mão na cabeça da mãe na tentativa de amenizar o desespero e dizia:

“Calma mãe, não chora, eu vou arrumar a casa bem bonita pra você”. Porém, a única coisa que Glaucilene dizia era: “Trabalhei a vida toda para ver a minha casa no chão”. Apoio Dona Margarida de Lima da Silva, 57, mãe de Silva, reside em Nioaque.

Quando ela ficou sabendo do que tinha acontecido com o filho veio correndo amparar e prestar socorro ao primogênito do total de seis filhos. “Coração de mãe é assim mesmo. Não podia deixar meu filho desamparado. Minha neta falava pra mim: Vó, minha casa caiu”. O filho aceitou a ajuda da mãe e após perder a casa e tudo o que tinha dentro dela, foi morar com a esposa e os três filhos (Milena, 3, Ester,9 e Leandro 12).

Hoje, eles dividem com mais oito pessoas uma casa com sala, cozinha e três quartos. “Atualmente estamos sobrevivendo de doações de amigos e parentes”, diz Silva acanhado. O pai de família está desempregado, mas tenta sustentar os filhos e esposa como autônomo vendendo roupas e bijuterias.

“Tive um prejuízo de mais de mil reais com as mercadorias que eu vendia”, lamenta Silva ao ressaltar que a única fonte de renda hoje vem do trabalho da esposa que trabalha com serviços gerais. Eles ainda não conseguiram retirar os escombros da casa para recomeçar.

Serviço – Quem puder auxiliar a família pode entrar em contato através do telefone 9270 0748.
Midiamax / Padom

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