TUDO NO MEIO DO NADA! (Pr. André Lepre)

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Mas Deus levanta no meio de um grande vale de morte, um novo exército. Um exército forte, mais que vencedor, com a sua vergonha coberta.

Ez. 37:1-10

VEIO sobre mim a mão do SENHOR, e ele me fez sair no Espírito do SENHOR, e me pôs no meio de um vale que estava cheio de ossos.

E me fez passar em volta deles; e eis que eram mui numerosos sobre a face do vale, e eis que estavam sequíssimos.

E me disse: Filho do homem, porventura viverão estes ossos? E eu disse: Senhor DEUS, tu o sabes.

Então me disse: Profetiza sobre estes ossos, e dize-lhes: Ossos secos, ouvi a palavra do SENHOR.

Assim diz o Senhor DEUS a estes ossos: Eis que farei entrar em vós o espírito, e vivereis.

E porei nervos sobre vós e farei crescer carne sobre vós, e sobre vós estenderei pele, e porei em vós o espírito, e vivereis, e sabereis que eu sou o SENHOR.

Então profetizei como se me deu ordem. E houve um ruído, enquanto eu profetizava; e eis que se fez um rebuliço, e os ossos se achegaram, cada osso ao seu osso.

E olhei, e eis que vieram nervos sobre eles, e cresceu a carne, e estendeu-se a pele sobre eles por cima; mas não havia neles espírito.

E ele me disse: Profetiza ao espírito, profetiza, ó filho do homem, e dize ao espírito: Assim diz o Senhor DEUS: Vem dos quatro ventos, ó espírito, e assopra sobre estes mortos, para que vivam.

E profetizei como ele me deu ordem; então o espírito entrou neles, e viveram, e se puseram em pé, um exército grande em extremo.

O capítulo 37 do livro do profeta Ezequiel é um dos mais belos da Bíblia Sagrada. Sabemos que este capítulo fala a respeito de um avivamento e de uma restauração do povo judeu, uma vez que, essa passagem do vale de ossos secos é um símbolo do estado espiritual de Israel neste tempo.

 Essa passagem fala também acerca dos mil anos do futuro reinado de Cristo que precederão a eternidade. 

Ezequiel foi chamado para profetizar durante o cativeiro babilônico do povo judeu. Diz-se que fundou uma escola de profetas e que ensinava a Lei à beira do rio que corta a cidade de Babilônia.

 As visões que o profeta teve sobre a glória de Deus e os sinais que aconteceram em sua própria vida demonstraram a ação de Deus forte e de maneira marcante. Ezequiel perdeu a sua esposa como sinal da queda de Jerusalém.

O capítulo 37 vai falar a respeito de um vale que estava cheio de ossos e que por uma intervenção divina tornaram a ter vida.

 A Bíblia diz que era um vale de ossos. Mas quando nos aprofundamos na leitura e buscamos observar os “detalhes” constatamos que não era somente um vale de ossos, mas, ossos sequíssimos e que eram numerosos, ou seja, eram muitas pessoas. Isso indica que aqueles ossos estavam em um estado de degradação, já se esfarelando e denota chance zero de recuperação de sua estrutura original.

Essa passagem pode ser aplicada hoje na vida de muitas pessoas, e como diz a Bíblia, numerosas pessoas que estão vendo e vivendo o mesmo quadro em suas vidas que foi visto também pelo profeta Ezequiel.

 Há uma discussão teológica acerca dessa visão do profeta, se ela era uma visão em sonho ou uma visão real, mas, deixando a discussão teológica de lado o que importa e o que ninguém pode contestar é que, sendo uma visão em sonho ou uma visão literal, era um vale de ossos sequíssimos e eram numerosos.

Hoje em dia há pessoas que estão olhando ao seu redor e só estão vendo um vale de ossos sequíssimos. Um quadro de destruição, de ruína, de decepção, de tristeza, de perdas, de fracassos…

 Já é difícil estar em um vale, mais difícil ainda é quando ele ainda está cheio de ossos sequíssimos. O profeta sentiu isso na pele, soube exatamente o que era estar em um vale, pois, Deus permitiu que perdesse a sua esposa como sinal da queda de Jerusalém.

 Às vezes não entendemos o agir de Deus. Os por quês de Deus na nossa vida. Suas estratégias. Mas de uma coisa eu sei. Quando Deus nos leva ou permite irmos para o vale diferentemente do diabo, é para nos dar uma grande vitória. Vitória não se conquista no monte. Veja o exemplo de Davi. Durante 40 dias Israel foi afrontado por Golias. E onde estava Golias? No monte. O teu inimigo fica no monte cantando uma vitória que não pertence a ele, mas sim, a você. Ele tenta te intimidar com palavras. Mas quando Golias foi lutar com Davi teve que descer até o vale.

É isso o que Deus faz com você quando te leva ou permite ir pro vale, faz o inimigo descer para perder para você e você subir. O diabo te exalta para depois te humilhar. Deus permite a tua humilhação para depois te exaltar: (I Samuel 17:46) – Hoje mesmo o SENHOR te entregará na minha mão, e ferir-te-ei, e tirar-te-ei a cabeça, e os corpos do arraial dos filisteus darei hoje mesmo às aves do céu e às feras da terra; e toda a terra saberá que há Deus em Israel;

Vitória se conquista no vale. No monte nós comemoramos a nossa vitória!

 Quantos casamentos não estão no mesmo estado desses ossos?

  • Quantas pessoas não estão sofrendo com enfermidades, tanto no corpo quanto na alma e não estão vendo chance alguma de recuperação?
  • Quantos sonhos se tornaram em farelos em meio às circunstâncias da vida?
  • Quantos ministérios estão destruídos, sequíssimos devido às calúnias, difamações, pecados?

 Mas Deus perguntou ao profeta: “Pode esses ossos viverem?”

Toda pergunta coloca em dúvida a perspectiva de uma resposta para quem é direcionada a pergunta. E toda pergunta é determinada por uma acentuação que no caso é a “?”.

Essa interrogação é que revela o estágio degradante daquela situação. O quadro era de destruição total, de sequidão. O quadro era tão catastrófico e deprimente que a interrogação de Deus ao profeta revela a incapacidade do mesmo profeta de enxergar uma chance de transformação, de restauração em meio àquele quadro. E ele responde a Deus: “Tu o sabes Senhor”.

O que Deus estava fazendo com o profeta Ezequiel?

Quando Deus fez a pergunta a Ezequiel o que é que ele viu? Viu um imenso vale repleto de ossos sequíssimos, ou seja, ele viu nada. Nada de vida, nada de luz, nada de gloria, nada de vitória, nada de alegria.

Às vezes estamos assim, como o profeta, enxergando nada em cima de nada. Nos tempos do profeta Elias Israel passou por um longo período sem chuvas, mas, um dia o profeta Elias subiu ao cume do Monte Carmelo orou a Deus e disse ao seu servo: “Olha para o lado do mar e diga-me o que vês?” E o servo disse: “Não vejo nada.” Então Elias mandou-o voltar sete vezes e na sétima vez ele disse: “A única coisa que eu vejo é uma pequena nuvem como a mão de um homem”. E diz a Palavra de Deus que os céus se enegreceram com nuvens e vento, e veio uma grande chuva; (I Rs. 18:43-45)

 O que me chama a atenção é que antes de Elias perguntar ao servo o que ele via, ele já tinha dito: “Há ruído de uma abundante chuva.” (I Rs. 18:41). O que Elias fez com o seu servo, era o que Deus estava fazendo com o profeta Ezequiel e que faz conosco hoje em dia. Deus estava treinando o profeta para ver o tudo no meio do nada. Ele nos treina para ver o tudo no meio do nada.

Ver o tudo no meio do nada é conseguir enxergar uma saída, uma solução, um milagre, uma vitória, uma conquista, ainda que estejamos na maior de todas as dificuldades, no meio do vale da vida, ainda que seja uma pequena nuvem, mas essa pequena nuvem se transformará em uma grandiosa chuva de bênçãos para nossas vidas.

 Deus usa uma interrogação e o profeta Ezequiel responde com um ponto final.

Não podemos julgar, criticar ou até culpar o profeta por não conseguir enxergar uma solução para tal quadro porque apesar de ser profeta, homem de Deus, alguém que deveria ser o primeiro a acreditar no milagre, era alguém de carne e osso como eu e você. Sujeito às mesmas dúvidas, incertezas, questionamentos e juntando-se a isso ainda tinha a dor da perda da sua esposa. Mas o que eu acho maravilhoso dentro do mover e agir de Deus é que, quando nós colocamos um ponto final em uma interrogação que Ele apresentou, Ele vem com uma vírgula dando continuidade a uma oração, uma sentença, uma palavra, um sonho, um projeto, uma empresa, um trabalho, um desejo, um querer, um começo, um recomeço, um avivamento, um re-avivamento, um ministério, uma igreja, um corpo, uma alma, uma família, uma vida.

 O profeta respondeu: “Tu o sabes Senhor”. Então Deus respondeu: “Profetiza sobre esses ossos, ouvi a palavra do Senhor…”

Veja que, ao mandar o profeta profetizar aos ossos Deus inicia a frase com: “Profetiza sobre esses ossos,…”    O estado anterior à virgula é de ossos. O estado posterior a vírgula já não é mais de ossos sequíssimos. A vírgula é uma acentuação que determina uma pausa na oração.

Antes da vírgula, osso. Depois da vírgula um exército de pé!    Quando o homem coloca um ponto final na tua história, Deus vem e coloca uma vírgula dando uma pausa no estado de sequidão, de derrota e muda a tua história. A tua história vai continuar e o teu final não será de ossos sequíssimos, mas, será da vitória, de restauração, de restituição, de abundância. Porque a última palavra vem de Deus.

 A pergunta que Deus fez ao profeta é a mesma pergunta que Ele está te fazendo agora:

 “Pode o seu casamento ser restaurado?

“Pode o seu corpo e sua alma tornarem a ter saúde?

“Pode os teus sonhos voltarem a ter vida?

“Pode o seu ministério se levantar das cinzas?

“Pode a sua empresa sair da falência?”

“Pode você Agar suas dívidas?”

“Pode seu filho sair das drogas?”

 Deus estava perguntando ao profeta: “Pode esse quadro ser mudado profeta?

 E você? Como responderá a Deus?

Com um ponto final ou com uma vírgula?

Deus terá sempre um final diferente para nós do que aquele que os outros pensam. Deus sempre nos mostrará que Ele não é somente capaz de mudar qualquer quadro de nossa vida, de nossa história, mas, também que Ele quer mudar esse quadro, trazer-nos a consciência de mudança de vida, de hábitos, de práticas, de atitudes, de conceitos, preconceitos, visão

Diz a Palavra de Deus que o profeta profetizou conscientizando-se de que ele não podia, mas, Deus podia (Deuteronômio 32:39) – Vede agora que eu, eu o sou, e mais nenhum deus há além de mim; eu mato, e eu faço viver; eu firo, e eu saro, e ninguém há que escape da minha mão. Por que ainda que sejamos infiéis até mesmo na nossa fé no Senhor, Ele permanece fiel porque não pode negar-se a si mesmo (II Tm. 2:13).

Profetizou sobre aqueles ossos e começou-se a ouvir os ruídos dos ossos se encaixando, e surgiram os nervos, cresceu carne, estendeu-se pele, soprou-se o espírito e tornaram a viver. E se tornaram a viver, se corpos se levantaram certamente Deus os vestiu e se os vestiu cobriu a sua nudez.

 No começo dessa reestruturação o que se ouviu foram os ruídos dos ossos se encaixando um nos outros. Agora veja a grandeza de Deus. A Bíblia diz que eram muito numerosos os ossos, isso significa que eram muitas e muitas as pessoas que ali pereceram. Agora você já imaginou centenas e centenas de ossos espalhados? Cada um de um tamanho. Cada um com um peso. Cada um com uma estrutura. Cada um com sua peculiaridade. Pois é, as

Escrituras Sagradas dizem que os ossos se encaixaram. E um osso só se encaixa em outro osso se for do mesmo corpo. Não há possibilidade alguma de um osso de um determinado corpo se encaixar em outro corpo, sem que se altere alguma característica por meio cirúrgico. E pelo que me consta naquela época não existiam salas de cirurgias com alta tecnologia.

 O poder de Deus fez com que cada osso do mesmo corpo fosse se procurando uns aos outros. E osso que é osso não consegue se encaixar se estiver esfarelado.

 Sabe o que isso significa?

 Que Deus vai trazer de volta tudo àquilo que é seu de direito.

Só que os ossos não serão da mesma maneira e nem Deus vai deixar ficar no osso não. Deus vai fazer melhor do que antes! Deus vai renovar os ossos, fazer surgir nervos, crescer carne, estender-se pele. (II Corintios 5:17) – Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.

 Depois dos corpos restaurados, diz a Bíblia que eles se colocaram de pé e a Bíblia diz que aqueles ossos que outrora estavam sequíssimos, era um gigantesco exército. Em algumas versões da Bíblia diz que era um exército grande em extremo: Que está no ponto mais afastado, remoto, distante; Que atingiu o grau máximo.
A sua vitória será longe do alcance dos olhos!

 E se era um exército, e estavam sequíssimos, e agora já não era mais um exército e sim ossos, significa dizer que o estado anterior deles era o estado de um exército vencido, derrotado, fracassado, aniquilidado, frustrado, envergonhado, destruído, constrangido, humilhado, desesperançado, de baixo dos pés dos seus inimigos, com a sua vergonha exposta, um exército morto.

 Mas Deus levanta no meio de um grande vale de morte, um novo exército. Um exército vivo, forte, bem sucedido, vigoroso, ousado, com intrepidez, corajoso, impetuoso, esperançoso, destemido, restaurado, reconstruído, que impõe respeito, exaltado, que vem vencendo para vencer, mais que vencedor, com a sua vergonha coberta e que poe os inimigos debaixo dos seus pés.  Àqueles que estão ao seu redor e àqueles que estão a quilômetros de distância ouvirão os ruídos da sua vitória.

Deus traz de volta a vida onde havia a morte. Deus cobre a sua vergonha e te exalta entre os homens. Deus traz de volta a vida:

  • No seu casamento;
  • No seu corpo;
  • Na sua alma;
  • Dos seus sonhos, seus projetos;
  • Na sua empresa;
  • No seu ministério;
  • Na sua igreja;
  • Na sua família;

 Creia nisso, Deus faz você ver tudo no meio do nada e te levanta como parte de um exército forte, valente e mais que vencedor.

Ver tudo no meio do nada é ver Jesus Cristo em todas as coisas e Ele é o general desse grande exército e o seu nome de guerra é Jeová Sabaoth (O Senhor dos Exércitos).

 Nele, por Ele e para Ele.

 Pr. André Lepre

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