Gripe suína muda ritual de igrejas

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A preocupação com o risco de contágio da gripe A (H1N1) chegou às celebrações religiosas das igrejas Católica e Evangélica. Rituais até então comuns, como quando os fiéis se cumprimentam e a entrega da hóstia, no caso da comunidade católica, foram suspensos ou modificados. Em outras regiões do País, onde o número de pessoas contaminadas é maior, esta manifestação foi suspensa. Os representantes de ambas as religiões afirmaram que tal atitude ocorrerá somente em situações extremas, no entanto, a possibilidade não foi descartada.Os cultos religiosos chegam a reunir mais de 500 pessoas. Durante a gripe espanhola (1918), as igrejas favoreceram a disseminação do vírus por facilitar a aglomeração de multidões em ambientes fechados.
O vigário geral da Diocese de Mogi das Cruzes, padre João Batista Motta, informou que três medidas foram recomendadas: que a hóstia não seja entregue diretamente na boca do fiel, que não se reze o Pai-Nosso de mãos dadas e, ainda, que o abraço da paz durante as missas fosse temporariamente suspenso.
Motta descreveu que normalmente a entrega da hóstia é feita diretamente na boca. “Quando começou a surgir os casos confirmados na Região, passamos a orientar os padres a entregar a hóstia nas mãos e não mais na boca”, informou.
A medida foi tomada porque a contaminação pode ocorrer a partir do momento em que os dedos do padre toquem a saliva de um fiel contaminado e levem até outro durante a comunhão. A oração de mãos dadas também favorece a transmissão do vírus influenza A, assim como os abraços.
Segundo o vigário geral, as recomendações não alteram a celebração. “São medidas que não vão mudar em nada a simbologia e o significado da missa”, acredita.
“Estamos preocupados, mas as suspensões das missas serão efetivadas se as autoridades sanitárias assim quiserem”, garantiu Motta.

Em casa
Pastor da Igreja do Evangelho Quadrangular, Carlos Evaristo da Silva garantiu que tem orientado os fiéis a evitarem o contato pessoal durante o louvor. “Estamos tendo o cuidado de fornecer as orientações necessárias sobre os tipos de contaminação”, informou ele, que também é vereador da Câmara de Mogi das Cruzes.
Além de suspender os cumprimentos, Silva destacou que durante os cultos, ele ressalta a importância de procurar o médico ao menor sinal da nova gripe. “Alertamos sobre os cuidados necessários e, se caso estiver com algum sintoma, a pessoa deve procurar um especialista e evitar ir ao culto”, informou.
Em relação à suspensão dos encontros, Silva frisou que se necessário poderá acatar o que for decidido pelas autoridades. “Acredito que não precisaremos chegar a esse ponto, porém se for para o bem de todos, faremos as orações em casa”, disse.
As iniciativas de ambas as religiões partiram de forma espontânea, como ressaltou o padre Motta: “Procuramos a Vigilância Sanitária da Cidade, mas mesmo sem uma resposta estamos recomendando estas medidas”.
O Setor de Vigilância Epidemiológica da Prefeitura informou, em nota, que realizará uma reunião com representantes das comunidades religiosas da Cidade até sexta-feira da próxima semana. Serão feitas as recomendações específicas para as celebrações. Entre elas, está tornar o templo mais ventilado.
odiariodemogi/padom

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