Uma acusação errada que desperdiçou uma vida

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Condenado a 29 anos de prisão para responder por um crime que não cometeu. Essa situação aconteceu com o americano Glenn Ford, que hoje está com 64 anos e perdeu grande parte de sua vida por causa de uma condenação injusta.

Glenn-Ford-acusação-errada-vidaEm 1984, ele foi preso pelo assassinato do joalheiro Isadore Rozeman, para quem, na época, trabalhava ocasionalmente. Só neste ano sua justificativa de que não estava no local do crime na hora do assassinato foi finalmente confirmada.

Nos Estados Unidos, a Justiça determina que casos como esse, em que pessoas são condenadas e posteriormente inocentadas, sejam indenizados pelo Estado. Os valores vão de US$ 25 mil (R$ 58 mil) a US$ 250 mil (R$ 586 mil) para cada ano perdido na prisão.

Mas há outras perdas superiores às materiais que são irreparáveis. Ele lamentou à imprensa local ter perdido três décadas pagando por algo que não fez. “Eu não tenho como voltar e fazer as coisas que deveria ter feito quando tinha 35, 38, 40 anos. Meu filho, quando eu fui preso, era um bebê. Agora, ele é um adulto com bebês”, disse a jornalistas ao deixar o presídio.

Acusações baseadas em boatos

Aqui no Brasil um caso voltou à tona no mês passado e fez o País se lembrar de uma história que manchou a imagem da imprensa e, principalmente, destruiu famílias. Há 20 anos, Icushiro Shimada, Maria Aparecida Shimada, Mauricio Alvarenga e Paula Milhim Alvarenga, donos e sócios da Escola de Educação Infantil Base, localizada na zona sul de São Paulo, tinham uma vida comum até receberem uma denúncia feita por duas mães, que diziam que os filhos de 4 anos eram abusados na escola por eles e que lá eram organizadas orgias sexuais durante o horário das aulas.

De imediato uma das mães procurou a Rede Globo, que deu um furo de reportagem, com uma apuração praticamente nula. Sem qualquer chance de defesa, veículos da imprensa julgaram e acusaram os respectivos donos da escola. Isso resultou na depredação de suas casas, saques ao colégio, ameaças de morte, de linchamento físico e moral. Porém, sem provas, o inquérito foi arquivado e os acusados inocentados.

Veículos da imprensa se retrataram das acusações, mas já era tarde: a escola tinha fechado suas portas e os donos, além do negócio, perderam a reputação, a saúde (Icushiro teve três enfartos no período) e os amigos. Enfim, foi um erro que não teve volta. Hoje, absolvidos, eles vivem à margem da sociedade. “Minha vida acabou”, disse Icushiro Shimada à imprensa.

O Estado, a Rede Globo e outras mídias foram condenados a pagar indenizações para reparar os danos físicos e morais sofridos e o delegado responsável por disseminar as acusações foi afastado do cargo. Só que isso não mudou o que aconteceu. A história até hoje não foi desmentida e a pergunta que fica é: a culpa foi de quem da Justiça, da mídia ou das mães?

De que forma você tem condenado, no dia a dia, as atitudes daqueles que estão ao seu redor? É necessário ter critério e certeza na hora de falar a respeito de alguém ou julgar uma atitude. Lembre que depois que as palavras saem da sua boca e provocam a desgraça, por mais que haja reparação e o tempo passe, é impossível eliminar totalmente os danos.

Universal / Portal Padom

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