UM PASSO ALÉM … DO SENTIMENTO DE INFERIORIDADE

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“Porque eu sou o menor dos apóstolos, que não sou digno de ser chamado de apóstolo, pois que persegui a igreja de Deus. Mas pela graça de Deus sou o que sou” (1 Co 15.9,10)

Conheço gente que não ora em público, que não canta em público; conheço gente que se sente envergonhada porque é gordinha, ou magrinha, porque não tem o cabelo da moda, porque o tem crespo, ou porque é liso demais. Conheço gente que se sente diminuída porque não estudou; conheço gente que se sente mal porque é branca demais, ou porque é de outra etnia. Tive uma aluna no Recife, linda jovem de origem japonesa, que conversando comigo confessou que se sentia muito mal porque “não era como as outras meninas”, dizia, porque não tinha traços ocidentais. Todas essas pessoas têm o que é chamado de sentimento de inferioridade.

Mesmo na Bíblia há casos de pessoas com sentimento de diminuição. Moisés, o grande líder do povo de Deus, dá-nos um exemplo disso aliado, por sinal, ao medo, quando de sua convocação para tirar o povo de Israel do Egito. Em Êxodo 4.1 apresenta uma primeira desculpa por causa da inferioridade que sentia: “Então respondeu Moisés, e disse: Mas eis que não crerão, nem ouvirão a minha voz, porque dirão: O Senhor não te apareceu.”. “Você é um mensageiro!” diriam, pensava ele. Aí, o Senhor falou para ele e argumentou que devia ir, e Moisés deu uma segunda desculpa: “Então disse Moisés ao Senhor: Ah Senhor! Eu não sou homem eloqüente, nem de ontem nem de ante-ontem , nem ainda desde que tens falado ao teu servo; porque sou pesado de boca, e pesado de língua.” (v.10). O Senhor fala novamente, e vem outra desculpa: “Ele porém disse: Ah Senhor! Envia por mão daquele a quem tu hás de enviar.” (v.13). Viram? Há também o caso de Jeremias quando foi convocado para o ministério profético, deu a seguinte resposta a Deus: “Então disse eu: Ah Senhor Jeová! Eis que não sei falar; porque sou uma criança.” (Jr 1.6). Ele era bem jovem, e se diminuiu ainda mais diante do Senhor: “eu sou um menino”. Não disse, “Eu sou um rapaz apenas”, “Eu sou um adolescente”. E o Senhor lhe respondeu: “Não digas: eu sou uma criança; porque aonde quer que eu te enviar, irás; e tudo quanto te mandar dirás.” (v.7)

Uma estatística diz, que pelo menos, 95% das pessoas têm problemas de inferioridade, o que está pegando praticamente todo mundo, e por isso ficam impedidas de se realizarem e terem alegria na vida. Tomara que sejamos os 5% que não têm esse problema…

Que leva uma pessoa a ter um sentimento de inferioridade?

MOTIVOS

O psiquiatra austríaco Alfred Adler, tentou analisar o pensamento de crianças bem pequeninas. E estudando-as, chegou à conclusão que essas pobres criaturinhas são constantemente lembradas que são pequenas, que não podem fazer, são menos capazes, não sabem direito as coisas, vão quebrar os pratos, e assim por diante. Essas crianças já ficam inferiorizadas num mundo de gente grande. Aliás (felizmente acabou), lembro aos irmãos que havia um programa infantil de auditório em que as pobres das iludidas crianças iam para as gravações. E a apresentadora as chamava constantemente de “baixinhos”. Que estava ela passando para as crianças no estúdio e em casa? Estava dizendo às crianças que lugar de criança é lá em baixo, mesmo. Adler estudou tudo isso, e disse que, como resultado desse condicionamento, as crianças desenvolvem o que ele chamou de “sentimento de inferioridade”. Ele foi até mais adiante, e disse que todos nós em certo sentido, e até certo ponto, nos sentimos inferiores. E, na realidade, o sentimento de inferioridade normalmente não tem base em fatos reais, mas em idéias que alimentamos. O problema são as comparações, quando entendemos que determinada pessoa ou grupo de pessoas tem qualidades e habilidades que nào temos, e, dessa maneira, motivamos em nós mesmos os sentimentos de diminuição e de menosprezo.

E não é verdade? Não há quem se sinta inferior a outro(a) por causa da aparência? A mocinha que se acha feia numa classe onde há outras mocinhas que são esbeltas e glamourosas. Ou aquele garoto que vive chateado porque tem que usar óculos e é apelidado de “Quatro Olhos” pelos colegas. Ou a moça ou o rapaz cujo rosto está marcado por cicatrizes de espinhas ou pelas próprias. Ora, cada um tem uma idéia, um conceito de si mesmo, um retrato do que é e como é. Se você diz, “sou um bom filho”, ou se diz “eu sou feio”, se você diz “eu sou magra”, ou “sou gorda”, ou “meu nariz é muito comprido”, isso é a imagem que você fez de você mesmo, sua auto-imagem, mas necessariamente os outros não fazem essa imagem.

Há quem se sinta inferior a outros por que não tem certas habilidades. “Não toco piano como Paulinho Brasil”, aí se sente inferior por isso. “Minha voz não é como a de Zildeth”, aí se sente mal porque não canta bonito. Realmente, em muitos aspectos somos inferiores a outras pessoas. Se me chamarem para um “baba” , não tem jeito: não consigo chutar como Romário, mesmo que treinasse muito. Então, vou ser um problema para o time em que eu estiver, porque não sei o que fazer com a bola. Eu não posso correr como os Barrichellos, e outros grandes corredores nossos. São habilidades que não tenho, mas não me incomodo com isso. O problema é se isso afeta uma área que me interessa. É o adolescente que quer ser bom no time de futebol do colégio, e não consegue. É a moça que quer casar mas não se acha muito atraente, e botou na cabeça que não atrai os rapazes. É o homem que tudo o que faz dá errado. Até na Bíblia temos casos assim: é Raquel, a mulher de Jacó, que se sentia inferiorizada porque não tinha filhos, quando sua irmã, Léa, já tinha quatro (Gn 30.1); Ana, a mulher de Elcana, não tinha filhos, enquanto Penina a provocava porque tinha vários filhos (1 Sm 1.2, 4, 6).

Há quem se sinta diminuído por outra razão: fatores de personalidade. É aquele que é retraído, caladão, tímido, não é muito dado a certo espírito aventureiro, é, mesmo, um tanto caseiro. Sabia que até o nosso lugar dentro da família, na ordem dos filhos, faz diferença, entre você e seu irmão? Os terapeutas de família trabalham com isso, procuram logo saber “Quem é você na ordem dos filhos?” “Ah, eu sou o mais velho”; “eu sou o mais novo”; “eu sou o do meio”. Se você é o mais velho, o caçula, ou o do meio; se é filho de uma família de dois, ou de quatorze, isso faz diferença na sua vida posterior. Se você fosse o do meio, e não o mais velho ou caçula, talvez sua personalidade fosse diferente, sabia disso? É o perfeccionista que pensa assim: “Se eu for perfeito no que eu fizer, todo mundo vai me amar”. Aí, não recebe o amor de todos, e começa a se sentir inferior, por que o perfeccionista não se aceita se falhas acontecerem. É a super-tímida que quando a atenção dos outros está sobre ela, fica toda vermelha, com as mãos suando, o coração batendo acelerado, a mente em curto-cicuito, e na hora em que se faz uma pergunta, a voz desaparece, ou esquece tudo.

Há que se sinta inferior porque pensa sinceramente que é inferior. Dízem que um moço foi ao psicólogo e lá começou a contar a história: “Eu tenho um problema de inferioridade na minha vida”, e contou a vida toda, seus problemas, dramas, desilusões, etc. E o psicólogo ouviu com toda paciência, e depois disse: “Você não tem sentimento de inferioridade, não; você é inferior mesmo.” Isso é só uma história. O que pensa com sinceridade que é inferior é aquele que é capaz e ninguém crê nele. São diminuídos pelos outros: pais, professores, irmãos, pelo marido, pela esposa que fica repetindo (e repetindo muitas e muitas vezes) que ele é estúpido, não tem jeito para ele, você é burro, não vai conseguir notas melhores, e daí por diante.

Há quem se sinta inferior porque foi empurrado (literalmente empurrado) além das suas capacidades por pais ou por outros adultos bem-intencionados, porém sem sensibilidade colocando padrões altos demais. É aquele que coloca o filho para fazer caratê pela manhã, à tarde vai para a escola, tem aula de piano, tem aula de inglês não sei onde e também informática. A pobre da criança é empurrada além de suas forças. Por que tem que fazer quatro coisas, quando só pode fazer duas?

É o idoso que vê o moço tomar o seu lugar no emprego.

Há quem se sinta diminuído por causa da superproteção de pais que dominam, reprimem, e asfixiam os filhos, impedindo que aprendam até pelo erro. O erro é pedagógico, é preciso às vezes que tropecemos para aprender a se sustentar.

RESULTADOS

Como resultado de toda essa situação, a nossa auto-estima diminui, nós ficamos ressentidos, hostis, temos pena de nós mesmos: Ou, então, é a ansiedade, é a depressão, é o medo de falhar, é a culpa, é o perfeccionismo, é a timidez, é a perda de significado porque a auto-imagem se abala quando o sentimento de que é inferior se instala no coração de alguém. E você é o que você pensa. Aí, quem se sente inferiorizado começa a fantasiar, a criar, a sonhar, a entrar em devaneio, e se afasta dos outros, dos amigos, do grupo, e começa a atacar a família (principalmente se tem reservas ou vergonha da família), começa a atacar o grupo de amigos, e atacar a igreja.

Já conheceram pessoas que dizem que a Igreja tal não é hospitaleira, e que a Igreja qual é fechada, que não recebe bem? Na imensa maioria das vezes, o problema não está na Igreja, mas na pessoa. Já houve quem me dissesse que não ia ficar na nossa igreja porque é uma igreja muito fechada, na qual o povo não falava com os outros, onde não se recebia bem. Outros, no gabinete, já afirmam que resolveram ficar aqui porque se sentiam muito bem (“Que igreja amorosa!”, disseram). É a mesma igreja, não mudou, não. Mas o problema está em alguém que deseja tanta atenção que se uma pessoa der toda atenção possível, ainda é pouco. Às vezes é o contrário: quem se sente inferiorizado passa a idolatrar alguém (longe ou distante) que é visto com as qualidades que gostaria de ter.

VAMOS À BÍBLIA

A primeira grande lição da Escritura Sagrada é que não pode ser inferior quem é objeto do amor eterno de Deus. Não pode ser inferior aquele por quem Jesus Cristo morreu! Não pode ser inferior quem tem todas as potencialidades de ser imagem de Jesus Cristo, o filho de Deus! Não pode ser inferior quem é santuário do Espírito Santo! E o sentimento de inferioridade, então, induz a falta de confiança, e é isso que Satanás quer. É deixar você abalado, ele não quer que você tenha fé, por isso, coloca no seu coração essa idéia: “eu sou inferior!”.

Talvez você precise fazer um check-up médico; ou de algumas vitaminas, ou uma dieta para melhorar sua condição física. São coisinhas práticas. Quem sabe, você precisa se vestir melhor? Pense nisso. Não sou especialista nessa área, mas cuidado, por exemplo, com a combinação de roupas. Sabia que as listras podem emagrecer ou engordar a pessoa? Isso todo mundo sabe. Então, você que diz, “Acho que sou meio gordinha” resolve usar listras horizontais fica mais gordinha ainda. E você diz “estou me achando tão magra…” e usa um vestido com listra verticais, vai ficar ainda mais magra… Outra coisa, rapazes e moças: cuidado para não misturar os padrões. Se usou um tipo de listra na blusa, a calça deve ser sólida, ou seja, de uma cor só, combinando com a blusa. Mas não vá usar paletó listrado de um jeito, com calça listrada de outro jeito.

Que tal um pouquinho de maquiagem nas profundas e românticas olheiras? Um pouquinho não faz mal a ninguém. Mas não exagere: não vá andar parecendo doente de anemia, mas também não vá andar parecendo Jezabel. Deus quer suas filhas bonitas.

No entanto, nada disso vai adiantar, se você não tiver um relacionamento correto com Deus. Por isso, você deve se olhar à luz da palavra de Deus, onde, no Salmo 8 está dito “Que é o homem mortal para que te lembres dele? E o filho do homem para que o visites? Contudo, pouco menor o fizeste do que “os anjos, e da glória e de honra o coroaste” (v.v. 4,5). Querem outra palavra: “E Deus criou o homem à sua imagem: a imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou” (Gn. 1:27). A Palavra de Deus tem muitas outras expressões a respeito da sua dignidade.

E mais: você deve se olhar à luz da Palavra de Jesus Cristo. E aqui temos uma palavra interessante no Evangelho de Lucas, capítulo 7. É apresentado um oficial do exército romano, homem de patente. Ele estava comandando a guarnição, e diz a Bíblia que ele procurou a Jesus porque seu servo estava enfermo. E queria que Jesus dissesse uma palavra, só uma palavra para que seu servo fosse curado. E veja o que ele disse de si mesmo, sua auto-imagem; “Eu mandei alguém porque nem me julguei digno de ir a tua presença” (v.6, 7). ” Eu não me julguei digno!” Ele não se julgava digno, um oficial bem vestido com aquele uniforme do exército romano, a capa vermelha nos seus ombros, a espada na cintura, o elegante capacete. E essa autoridade se volta para Jesus, e diz “Eu não me julguei digno”. Olha o que o povo dizia dele: “Ele é digno de que lhe concedas isto” (v.4). Na mesma história ele diz, “Eu não sou digno”, o povo dizia: “Ele é digno”. E Jesus disse: “Ele é digno!” Jesus comprovou a dignidade daquele oficial do exército de Roma. É assim que Jesus vê você também. Você é digno, aos olhos de Deus, de receber o Senhor, de ter a vida eterna, de ter a salvação.

Você deve se olhar à luz do amor eterno de Deus como já foi destacadoLembre-se do texto de João 3:16: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que entregou seu filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha vida eterna”. O “todo-aquele-que-nele-crê” é você. O “mundo-que-Deus-amou” é você, pois Deus o ama de um modo tão intenso que deu Seu filho para que você, recebendo-O pela fé, tenha a vida eterna. Quando Jesus deu a Simão um novo auto-conceito simbolizado pele nome Pedro, que quer dizer “rochado, pedra”, estava ajudando-o a se tornar Simão, a Pedra; Simão, a Rocha; Simão, o Rochedo. É por isso que a grande notícia do evangelho de Jesus Cristo é que nós podemos mudar, você pode mudar, é que não temos que arrastar pela vida a fora o resultado dos condicionamentos que nos impuseram, e, pelo Seu Espírito, Deus nos ajuda a mudar.

O apóstolo Paulo podia ter desenvolvido um tremendo sentimento de inferioridade. Sabe o que disseram a Paulo? Está em 1Coríntios 10.10, na Tradução na Linguagem de Hoje: “Alguém vai dizer: As cartas de Paulo são severas e fortes, mas quando ele está conosco, é tímido e é um fracasso quando fala”. Os intrigantes disseram isso do apóstolo, e já vimos um texto que disse, “Que eu sou o menor dos apóstolos, que não sou digno de ser chamado apóstolo, pois que persegui a igreja de Deus (1. Co 15:9)”. E, no entanto, ele completa: “mas pela graça de Deus sou o que sou (v.10 a)”.

Você precisa se ver, então, como potencialmente uma personalidade altamente eficiente, e que tem habilidade para dar e receber amor, e realizar muito mais do que pode imaginar. Então, é a moça crente que não arranja namorado; é o rapaz que não consegue namorada, ou, se arranja, só dura uma semana, não arranja na igreja, e vai buscar lá fora. Por favor, meu jovem, não faça isso, não. Para isso existem os intercâmbios, os congressos, os acampamentos. Movimente-se! Procure dentro do povo de Deus um filho de Deus ou uma filha de Deus. Já vi muito casamento nascer de intercâmbios, mas quando arranjar em outra igreja, traga para a sua.

UM PASSO ALÉM DO SENTIMENTO DE INFERIORIDADE

É a nossa proposta. Lembre-se que qualquer atitude da inferioridade pode ser removida. Repetimos o que diz a Bíblia: “Como (o homem) pensa consigo mesmo, assim é” (Pv. 23.7 a).

Então, para que uma pessoa se torne bem sucedida, não é preciso grandes talentos ou grandes idéias, mas, sim, uma grande semelhança com Jesus Cristo. Tiago nos dá um excelente e oportuno conselho, “Humilhai-vos perante o Senhor” e logo nos lembra, “E ele vos exaltará” (4:10).

Por fim, contra esse tipo de sentimento, temos a lição e a solução da Palavra de Deus: “Confortai as mãos fracas, e fortalecei os joelhos trementes. Dizei aos turbados de coração: Esforçai-vos, não temais; eis que o vosso Deus virá com vingança, com recompensa de Deus; ele virá, e vos salvará. Então os olhos dos cegos serão abertos, e os ouvidos do surdo se abrirão. Então os coxos saltarão como cervos, e a língua do mudo cantará; porque as águas arrebentarão no deserto e ribeiros no ermo”.(Is. 35: 3-6) .

Será que a vida tem sido um deserto por causa desse sentimento de inferioridade?

por: Walter Santos Baptista, Pastor da Igreja Batista Sião

Portal Padom

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