Tragédias de início de ano. O que dizer aos que ficaram?

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Assisti ontem, perplexo, à entrevista de uma senhora que perdeu dezesseis pessoas da sua família, em um dos desabamentos ocorridos no litoral sul do Rio de Janeiro! Ela, que perdeu o marido, filhos, irmã, sobrinhos, lamentava: “Minha vida ficou destruída. Todo mundo morreu. Não sei mais o que fazer”.Mas não morreram apenas os pobres, ocupantes de morros, desta vez. Em uma casa de veraneio, em Angra dos Reis, havia dezessete pessoas de um grupo de amigos da cidade de Arujá, São Paulo, que costumavam passar o ano juntos. Quase todos morreram. Os hóspedes da Pousada Sankay, em Ilha Grande, e vizinhos também foram surpreendidos com uma avalanche de terra, e nem a filha do dono da pousada, Yumi Faraci, de apenas dezoito anos, que estava em uma casa, conseguiu escapar.

Que vida terão, a partir de agora, as pessoas que perderam parentes e amigos nessas tragédias ocorridas no início deste último ano da primeira década do terceiro milênio? Confesso que tentei me colocar no lugar de um pai que perdeu a sua filha… Como pai, posso tentar imaginar como é essa dor. Será que eu, por mim mesmo, a suportaria? Tenho certeza de que não. Mas, se eu fosse convidado a dizer uma palavra de conforto a todas as pessoas que perderam parentes e amigos nessas tragédias, o que lhas diria?

Lembrei-me de um texto que escrevi — e já republiquei várias vezes neste blog — para a extinta revista Mulher, da CPAD, em 2005. Na época, logo após ter recebido o pedido do artigo por parte da editora, fui informado também de que uma amiga havia perdido o seu bebê, que ela tanto desejava… Orei a Deus, e a mensagem que veio ao meu coração foi: “Fim ou recomeço?” Naquela manhã de domingo, o Senhor me mostrou, através de sua Palavra, que o nosso fim não é a cessação de tudo. Afinal, para Ele não existe passado e futuro, e sim um eterno presente.

Quando olhamos para a Bíblia vemos que todos os fins ensejaram recomeços. Lembra-se do que aconteceu quando as águas do Dilúvio inundaram o Globo terrestre? Ali, não morreram apenas alguns membros de algumas famílias, mas todas as famílias, exceto a de Noé! Aquela inundação até agora, sem dúvidas, foi a tragédia das tragédias — não houve, ao longo da história, terremotos, tsunamis, guerras, epidemias, etc. que aniquilassem a vida na Terra. A despeito disso, o Dilúvio não representou o fim, e sim um recomeço para a humanidade.

Uma única família conseguiu sobreviver aos difíceis dias pós-diluvianos. Como? Sobretudo porque contaram com a Ajuda do Alto. Sim, a Ajuda do Alto! Afinal, a autoajuda pode ser útil no mundo dos negócios, na vida profissional, porém não conheço ninguém que se lembre de bordões como “Acredite, a sua história vai mudar”, “Você é insubstituível” ou “Nunca desista dos seus sonhos” em meio a tragédias.

Quantos sonhos não foram sepultados para sempre no primeiro dia de 2010! Adolescentes e jovens sonhadores partiram para a eternidade… Foi encontrado um vídeo da mencionada filha dos donos da pousada parcialmente soterrada, em Ilha Grande-RJ, em que ela tocava o seu violão com alegria, cheia de sonhos e de vida… Como diz a Palavra do Senhor: “Do homem são as preparações do coração, mas do Senhor é a resposta da boca” (Pv 16.1).

A morte sepulta os sonhos de quem morre, mas não é o fim para os aqui permanecem. É possível recomeçar! Mas, como? Lembrei-me também das pessoas que perderam familiares no atentado às Torres Gêmeas, em 11 de setembro de 2001. Como elas estariam agora? Li na revista Seleções e acompanhei pelo Discovery Channel que muitas delas recomeçaram a vida… Mas, como? Deus o sabe.

Como será o recomeço para quem perdeu um filho, uma companheira, de repente, no primeiro dia de 2010? Mesmo para quem serve a Deus de verdade é difícil suportar uma dor como essa… E, para os que ainda não seguem ao Evangelho? Eu pensei, pensei, pensei… e realmente não tenho, de mim mesmo, uma palavra de conforto para quem perdeu familiares no primeiro dia do ano… Imagine qual será a lembrança dessas pessoas, a cada novo ano! Se alguns dos que morreram, partiram com Cristo, a tristeza dos que ficaram pode ser atenuada, aos poucos, com a certeza de que o Senhor Jesus ressuscitará os mortos salvos, naquele Dia (1 Ts 4.16-18), e estaremos com eles para sempre!

Mas, o que dizer àqueles que ainda não conhecem a Palavra da verdade? Nada posso dizer-lhes, a não ser mencionar a Palavra daquEle que está no controle de todas as coisas e conhece os sentimentos de cada criatura sua: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” (Mt 11.28). “Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados” (Mt 5.4). “O meu Deus, segundo as suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em glória, por Cristo Jesus” (Fp 4.19).

Os sobrecarregados, cansados, podem verdadeiramente ir ao Senhor Jesus e encontrar descanso. Os tristes, angustiados, podem verdadeiramente ir a Ele e encontrar consolo. E os necessitados, com sentimento de abandono, podem verdadeiramente pedir a Ele o suprimento necessário para todas as suas necessidades.

De minha parte, continuarei orando pela salvação e consolo dos que ficaram…

Ciro Sanches Zibordi

Fonte: Blog do Ciro / Padom


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