Traficantes escondiam armas e munição em prédio de ONG

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Num local insuspeito, onde a decoração com motivos infantis pouco tem a ver com as pichações próximas às bocas de fumo, policiais civis da Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos (Drae) encontraram um esconderijo de armas usado por traficantes. A prova de que a Congregação Infantil Rosinha de Sarom, onde cerca de 300 crianças entre 3 e 12 anos recebem apoio educacional e participam de cultos evangélicos, vinha sendo usada pelos criminosos foi a apreensão, no local, de uma mochila cheia de munição e uma escopeta calibre 12. “Nunca soube de arma nenhuma aqui dentro, moço. Aquele lugar vivia trancado e ninguém entrava. Não sei como isso pode ter parado ali”, dizia, ainda nervosa, Mirtes Santana, diretora do departamento infantil da igreja, que integra a Assembleia de Deus da Ilha do Governador (Adig).
A escopeta e as cápsulas foram encontradas pela polícia no terceiro andar do número 55 da Rua Eusébio de Faria, na comunidade da Praia da Rosa, no bairro do Moneró. A polícia investiga como o material foi parar dentro do prédio. Como não havia atividades naquele horário, por volta de meio-dia – os cultos são às quartas, sextas e domingos -, não havia crianças no local.
Encontrar a arma e a mochila não foi fácil. A porta que dava acesso ao sótão não tinha maçaneta. Além disso, o lugar era escuro e o material estava escondido atrás de uma caixa d¿água. Um pastor responsável pela igreja foi chamado e acompanhou os policiais até a delegacia, onde explicou que não tinha conhecimento do que estava escondido no prédio.
Uma advogada e assistente social também esteve na Drae. Ela explicou que o espaço da igreja está cedido à ONG Associação Beneficente Educacional Nova Esperança (Abene). “Nem consigo imaginar que podia haver arma ali dentro. Apesar disso, nosso trabalho com as crianças vai continuar. Nossa questão é o trabalho social”, afirmou Zaíra Leonídio.
Em outro endereço vasculhado pelos policiais, foram apreendidos drogas e uma granada. Foram presos Diogo Santos Barros, o Mancha, e Ademir Anacleto da Silva, flagrado com drogas no momento em que almoçava. A Praia da Rosa é uma extensão dos domínios da dupla Fernando Gomes de Freitas, o Fernandinho Guarabu, e Gilberto Coelho de Oliveira, o Gil, que controla e vive no Morro do Dendê.

Preso chefe do tráfico na Vila Vintém
A primeira operação da Drae ontem aconteceu por volta das 7h, na Zona Oeste. Cerca de 30 homens ocuparam a Vila Vintém, em Padre Miguel, com o objetivo de capturar o gerente-geral do tráfico da favela.
Homem de confiança do chefão Celso Luiz Rodrigues, o Celsinho da Vila Vintém, que está preso em Bangu 1, Elvécio Machado da Silva, o Luquinha, 52 anos, não reagiu aos policiais, mesmo estando com uma pistola. O traficante estava foragido desde 2004, quando saiu em liberdade condicional e jamais retornou.

Casa servia de refinaria para a quadrilha
Durante as buscas na Vila Vintém, a Drae encontrou uma casa onde funcionava todo o preparo da mistura da cocaína. Nela, havia seis sacos pretos de lixo com pó branco, balança, bandejas de prata, éter, caixas de lidocaína e três sacos com cocaína. Segundo a delegada Márcia Beck, o material será enviado para o Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE).
Mais dois homens foram capturados: Gláucio Gomes, 26 anos, e Paulo Roberto da Silva Júnior, o Bilola, 28 anos. Os agentes apreenderam aida uma pistola e quatro radiotransmissores.

Terra / Padom

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