Professores e evangélicos polarizam debate sobre livro escolar sobre sexo

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Uma audiência pública nesta quarta-feira (12) pela manhã discutiu a polêmica do livro Mamãe, como eu nasci?, livro que foi banido das escolas do Recife depois de denúncias de que seu conteúdo tenha teor pornográfico. Estiveram na Câmara dos Vereadores, no Centro do Recife, a secretária de Educação em exercício, Ivone Oliveira, e a promotora do Ministério Público para assuntos de educação, Catarina Gusmão. Apesar do debate ter avançado, não se conseguiu um consenso.Quem presidiu o debate foi o vereador André Ferreira (PMDB), presidente da Frente de Defesa da Família da casa. No debate, representantes da bancada evangélica acusaram o livro de pornográfico, dizendo que mais do que orientar, a obra incita ao sexo.
Na sessão, algumas páginas do livro, de autoria de Marcos Ribeiro e que é voltado para crianças de 8 a 10 anos, foram exibidas. Em uma das ilustrações, um menino numa banheira e uma garota em frente à TV aparecem se masturbando. Após as discussões de hoje, ficou decidido que uma nova audiência será marcada.
Por enquanto, os pais que reclamaram da aplicação do livro paradidático e políticos da bancada evangélica continuam afirmando que a educação sexual não deve fazer parte das atividades extracurriculares e que a obra é “grosseira”.
Professores da rede municipal de ensino, do outro lado do debate, defenderam a aplicação da obra.
Várias professoras discursaram lembrando a importância do ensino sexual nas escolas. Elas disseram também que Mamãe, como eu nasci? é uma das melhores obras do assunto, tratando do tema com franqueza e livre de preconceitos.

BANIDO – Desde o dia 27 de abril que o livro foi banido das escolas do Recife. Apesar da polêmica, o autor da obra é considerado uma autoridade no assunto. Marcos Ribeiro foi premiado pela Academia Brasileira de letras de livros sobre sexualidade e corresponsável pelo documento Sexualidade, prevenção das DST/Aids e uso indevido de drogas, do Ministério da Saúde e voltado para crianças e adolescentes.
O livro também é tido como uma das obras mais atualizadas no assunto, já que tem trechos que lutam contra a pedofilia, ao dizer ao leitor infantil que nenhum adulto deve tocar em sua genitália.
A polêmica em torno dos livros infantis não é exclusividade do Recife. Em outros países, a escolha dos paradidáticos também rendem debates acalorados. Na Alemanha, um livro sobre educação sexual foi tido como pornográfico ao mostrar de forma bastante direta – ainda que com ilustrações infantis – como acontece o sexo, a reprodução e outros temas.
Já a Suécia e nos demais países do Norte Europeu, o tema é tratado sem tabus e isso acabou influenciando nos números da sociedade, já que o país tem os menores números de gravidez na adolescência, DST entre jovens e aborto. Existe até mesmo uma Associação Sueca de Educação Sexual para tratar do tema.
O Brasil sempre teve normas para ensino de educação sexual nas escolas como mostra um estudo publicado no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Atualmente, o tema tem ganhado polêmica dentro e fora das salas de aula.

JC Online / Padom

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