Poucos aprovam o feriado

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Templos de Brasília ficaram fechados no dia dedicado à fé dos protestantes
O dia dedicado à fé protestante ficou marcado como mais um feriado destinado ao descanso. Apesar de ter o 30 de novembro para homenagear a religião, os evangélicos anteciparam a festa para o sábado, 27. Ao passar pelas ruas do Distrito Federal, o que se encontrava ontem eram templos fechados, sem nenhuma movimentação especial. As poucas igrejas encontradas abertas eram da religião católica, para a missa rotineira das segundas-feiras.O Dia do Evangélico foi instituído pela Lei 893, em 1995, de autoria do então deputado distrital Carlos Xavier. Desde então, os órgãos públicos não funcionam e as empresas privadas têm ponto facultativo na data, em respeito à religião. Contudo, poucos são os que concordam com a paralisação das atividades neste dia.
Segundo o pastor Cléber Arruda, não há consenso nem mesmo entre os evangélicos sobre a necessidade de um feriado para lembrar a fé protestante. “Não concordo com a lei. Acho que ela tem muito mais cunho político que religioso. Nem todos usufruem. A maioria está trabalhando normalmente”, comentou.
O templo do pastor Cléber Arruda foi um dos muitos que não funcionaram durante o feriado. O pastor disse que não faz questão de colocar a data em evidência na agenda dos cultos. “Os evangélicos deveriam se manifestar de uma forma em que fossem percebidos. Um dia para isso se torna um dia sem produtividade. O Estado tem que andar além das religiões, que são diversas no país.”
Assim como o representante da igreja evangélica, o padre Samuel Ferreira também não vê necessidade em paralisar o dia. “Acho que foi um feriado mal colocado. Em um país com tantos feriados não é necessário que haja mais um”, disse. Na opinião do padre, as comemorações católicas fazem mais sentido, já que a religião é majoritária no país. No Brasil, sete dos 16 feriados são referentes ao catolicismo.
A mãe Euvira de Orixá, representante do Candomblé, concorda que o país é tolerante no que diz respeito à pluralidade espiritual. Dessa forma, ela acredita que para ser justo não deveriam ter feriados religiosos. “Não tenho nada contra religião alguma, mas daqui a pouco não tem mais dia para a gente trabalhar”, brincou.
Apesar de não concordar, mãe Euvira de Orixá comentou que já que o feriado existe, os evangélicos deveriam aproveitá-lo melhor. “Deveria ser um dia de confraternização, em eles estivessem unidos em cultos durante todo o feriado”, opinou.
Nas premissas africanas, a reunião de povos é um dos principais conceitos cultivados. É com essa força que eles lutam para consagrar o dia 20 de novembro como feriado da consciência negra. “Não é nada de cunho religioso. Para isso, já guardamos as sextas-feiras. É apenas em respeito aos negros e contra a discriminação”, declarou.
A confraternização evangélica aconteceu no sábado, no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade. Treze bandas de musica ghospel se apresentaram para cerca de 30 mil jovens, gratuitamente, de 17 horas a 1 hora. O evento foi organizado pelo Conselho de Igrejas e Pastores Evangélicos do DF, junto com Conselho de Pastores Evangélicos do DF e a Federação Nacional de Igrejas cristãs.

Tribuna do Brasil / Padom

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