Pastor dos EUA Jesse Jackson e presidente cristão da África do Sul participam de evento precedido de ritual de feitiçaria
Animais foram sacrificados em comemoração ao centenário do Conselho Nacional Africano.
O Congresso Nacional Africano (CNA), que sob a liderança de Nelson Mandela chegou ao poder na África do Sul em 1994, sacrificou neste sábado (7/jan) de madrugada um touro, duas cabras e duas galinhas para oferecer a seus ancestrais e comemorar seu centenário.
Cerca de 20 sangomas (curandeiros tradicionais) procedentes de todas as regiões do país preparavam o sacrifício em um terreno baldio próximo à igreja de Bloemfontein (centro), onde o CNA, que durante décadas lutou contra o apartheid, foi fundado no dia 8 de janeiro de 1912.
“Essas galinhas e essas cabras são o preâmbulo antes da cerimônia principal. Se trata de purificar este lugar e de elevar o espírito do CNA”, explica Ntswaki Mahlaba, uma curandeira sotho do Estado Livre (centro), enquanto limpa os intestinos.
“O objetivo desta cerimônia é reunir os espíritos dos ancestrais, e especialmente os dos fundadores do CNA”, acrescenta Dra. Nkanyezi, uma colega tswana dos arredores de Pretória, cuja vestimenta mistura um imponente gorro coberto de espetos de porcos-espinhos, um enfeite de pérolas e uma camiseta com o retrato do presidente Jacob Zuma.
“Estamos aqui para restaurar o espírito do CNA. “É aqui que foi enterrado o cordão umbilical do CNA” há cem anos, explica.
Depois pedem aos “camaradas dos meios de comunicação” que se afastem. Um cordão de policiais protege o caráter sagrado do ritual.
Todos esperam a chegada de Jacob Zuma. Enquanto isso, observam as danças das enviadas da rainha da chuva, que dominam o norte do país – de saias azul-turquesa, camisas rosas, turbantes brancos e enfeites de pérolas-, até que entra o renomado pastor batista norte-americano Jesse Jackson.
Zuma e vários outros dirigentes do CNA têm utilizado o cristianismo para promover o partido e os seus princípios em várias campanhas eleitorais e fora delas.
Em 2007, Zuma foi ordenado pastor honorário por uma assembleia geral das Igrejas Carismáticas Independentes, em Durban, e fala frequentemente nos púlpitos de várias igrejas de matriz cristã.
Antes das eleições de 2009 foi fortemente criticado por ter dito em Mpumalanga: “só quem votar no ANC vai para o céu quando morrer”.
Antes disso, afirmou noutro comício que “o ANC governará a África do Sul até Jesus Cristo voltar à terra”, o que gerou críticas de vários setores, religiosos e políticos.
Em Novembro de 2008, o então candidato presidencial Jacob Zuma disse numa conferência de líderes religiosos que “a África do Sul é um país baseado nas regras e nos princípios de Deus”.
“Quando nós (dirigentes) tomamos posse no governo levantamos a mão direita e de fato pronunciamos ‘que Deus nos ajude’. Penso que ninguém poderá negar que a África do Sul se baseia nos princípios de Deus”, concluiu Zuma naquele discurso.
Com informações de RNW e DNoticias Portugal
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