Os abusos que abalaram a Igreja Católica

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A Igreja Católica volta a estar sob forte escrutínio, depois de novas denúncias de abusos sexuais cometidos por padres em vários países europeus. Acusações que se seguem aos escândalos conhecidos nos últimos anos nos Estados Unidos

Holanda:
Mais de 200 holandeses revelaram ter sido vítimas de abusos depois de, no início de Março, a Radio Netherlands Worldwide e o jornal NRC Handelsblad terem noticiado que, há décadas, três padres da ordem salesiana abusaram de alunos de um internato.

Alemanha:
A diocese de Ratisbona revelou, na semana passada, que um padre abusou sexualmente de dois rapazes em 1958 e que foi condenado a dois anos de prisão. Outro sacerdote esteve 11 meses preso, em 1971, por abuso.
A declaração mencionava, também, o caso de três homens que disseram ter sido vítimas de abusos sexuais, no início dos anos de 1960, por vários professores, enquanto frequentavam internatos com ligações à diocese.
O arcebispo Robert Zollitsch, presidente da Conferência Episcopal alemã, pediu desculpas, no mês passado, pelos abusos sexuais de crianças por padres católicos, depois de mais de cem casos terem sido reportados pelas escolas jesuítas do país.

Irlanda:
Abril de 2002: O bispo Brendan Comiskey de Ferns, um dos clérigos mais conhecidos da Irlanda, resignou ao cargo porque um padre da sua diocese se suicidou, em 1999, depois de ser acusado de 66 crimes de abuso sexual.
Maio de 2009: A Comissão de Inquérito aos Abusos de Menores divulgou um relatório que demorou nove anos a compilar. Concluiu que durante décadas vários padres espancaram e violaram crianças, em instituições católicas.
Novembro de 2009: O relatório Murphy, resultado de um inquérito financiado pelo Governo sobre os abusos em Dublin entre 1975 e 2004, revelado a 26 de Novembro de 2009, revela que as autoridades da Igreja encobriram casos de abuso sexual de crianças até meados dos anos 1990.
Dezembro de 2009: Depois de uma reunião com dois líderes da Igreja irlandesa, o Papa disse partilhar do sentimento de “ultraje, traição e vergonha” relativamente ao escândalo da Irlanda. No mês passado, Bento XVI iniciou uma série de reuniões com 24 bispos irlandeses no Vaticano. Uma declaração emitida pelo Vaticano depois dos encontros apelidou de “crime hediondo” o abuso sexual de crianças por padres e disse que os bispos asseguraram estar dispostos a cooperar com as autoridades. Quatro bispos pediram demissão, mas, até agora, o Papa só aceitou uma delas.

Canadá:
Outubro de 2009: O bispo Raymond Lahey, de Antigonish, na Nova Escócia, foi formalmente acusado pela posse e importação de pornografia infantil. Nesse ano, antes de ser acusado, negociou uma indemnização de 12 milhões de dólares para as vítimas de abusos sexuais na diocese de Antigonish, em casos que remontavam a 1950.

México:
Março de 2009: O Papa Bento XVI ordenou uma investigação à Legião de Cristo, fundada por um padre que se descobriu ser pedófilo. Em 2006, o então cardeal Ratzinger disse ao fundador, Marcial Maciel, para se retirar para uma vida de “oração e penitência”. Maciel morreu em 2008.

Austrália:
Julho de 2008: Numa visita à Austrália, o Papa Bento XVI pediu desculpas pelos crimes de abusos sexuais cometidos por padres, condenando-os e dizendo que deviam ser julgados. Nessa altura, sabia-se de 107 casos de abusos sexuais no seio da Igreja australiana.

Áustria:
Julho de 2004: A revista austríaca Profil publicou imagens de padres a beijarem e a apalparem alunos, num seminário católico na diocese de Sankt Pölten.

Reino Unido:
Julho de 2000: O cardeal de Londres, Cormac Murphy-O’Connor, reconheceu ter cometido um erro, quando ocupava outro cargo, na década de 1980, por ter permitido a um padre pedófilo continuar a trabalhar. O padre foi preso em 1997, por ter abusado de nove rapazes durante cerca de 20 anos.

Estados Unidos:
Dezembro de 2002: O Cardeal de Boston, Bernard Law, demitiu-se depois de ser acusado de transferir padres pedófilos para outras paróquias, para encobrir escândalos.
Junho de 2002: A Conferência Episcopal dos Estados Unidos deu instruções às dioceses para que investigassem todos os crimes de abusos.
Fevereiro de 2004: Investigadores independentes referiram que 10.667 pessoas acusaram os padres americanos de crimes de abusos sexuais cometidos entre 1950 e 2002. Mais de 17 por cento dos queixosos tinham irmãos alegadamente vítimas de abuso e outros 47 por cento admitiram ter sido violado várias vezes.
Julho de 2007: A arquidiocese de Los Angeles aceitou pagar 660 milhões de dólares às vítimas de abusos sexuais desde os anos 1940, na maior indemnização de sempre deste tipo.
Abril de 2008: O Papa Bento XVI encontrou-se, durante uma visita aos Estados Unidos, com as vítimas de abusos cometidos por padres. A Igreja norte-americana pagou cerca de dois mil milhões de dólares às vítimas desde que o escândalo rebentou em 1992.

Fonte: Publico PT / Padom

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