O Centro de Recuperação Vau de Jaboque, enfrenta sérios problemas financeiros

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O Centro de Recuperação Vau de Jaboque – uma das casas de referência no tratamento de dependentes químicos em Catanduva e região – pode ser fechado.
O fundador do centro, Gerolino Mesquita, procurou o jornal O Regional para fazer um apelo e revelar as atuais condições do local.
Segundo ele, a verba recebida pela Prefeitura de Catanduva não é suficiente para manter os trabalhos da casa. O fato ficou ainda mais grave depois que esse valor foi diminuído neste ano.
Além disso, Mesquita disse que já solicitou apoio da Assistência Social, indo diretamente falar com a presidente Eloá Martins Macchione, para que o setor o ajudasse com a disponibilização de alguns profissionais – como psiquiatra, terapeuta ocupacional e psicólogo – para auxiliar no tratamento dos usuários de drogas.
Além da Assistência, o fundador disse que já procurou também a Secretaria Municipal da Saúde, mas teria sido em vão.
“Eu acredito no trabalho da Vanessa [Frias Couto Gallo – secretária da Saúde], ela é uma idealista como eu, mas não tive o menor apoio do poder público”, afirmou.
O Centro de Recuperação Vau de Jaboque – nome de referência bíblica – abriga hoje 30 pessoas.
A capacidade é a máxima limitada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Além desse montante, o fundador disse que existe uma extensa fila de espera de pessoas que querem ser atendidas pelo centro.
“As pessoas que nos procuram são paupérrimas e estão passando por sérios problemas, mas não temos mais condições de prosseguir com o trabalho”, disse.

BOMBA RELÒGIO
O fundador do centro, policial militar aposentado que se envolveu com a causa há 18 anos, disse que se a situação do local não melhorar, as portas devem ser fechadas em dezembro deste ano.
“Por isso eu resolvi gritar; o centro não pode ser fechado, nós não podemos interromper esse trabalho”, desabafou.
A verba recebida da Prefeitura para a manutenção do centro foi classificada pelo seu fundador como “irrisória”.
“O Macchione é meu amigo, mas eu estou falando do Macchione homem, do Macchione que poderia me ajudar, mas nessa parte ele está muito aquém”, revelou.

COMPROMETIMENTO
A visão de apoio de Mesquita não é restrita ao poder público, como ele também comentou.
Para o fundador, é preciso que a sociedade se comprometa mais com o trabalho realizado pelo centro. “Falta conhecimento da sociedade. Eu sou pastor evangélico, mas o amor não tem placa. No centro, eu ajudo todos os segmentos e religiões, mas sinto falta de retorno”, explicou.

TRIPÉ DO TRATAMENTO
O tratamento no Vau de Jaboque segue uma linha proposta por um americano, que consiste na tríade Corpo/Alma/Espírito.
“Eu sou um teólogo, mas sei que não posso ficar só no pêndulo espiritual; o centro não sobrevive só com isso”, afirma.

Resposta da Saúde
A Secretaria Municipal de Saúde respondeu em nota que com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), as Políticas Públicas legitimaram a Saúde como um processo dinâmico e complexo em que atenção especial tem sido dada ao processo de trabalho e à integralidade. “Esse fato requer o envolvimento responsável e compromissado de todas as partes implicadas nesse processo do cuidar – profissionais, usuários, gestores e prestadores de serviços”, explicou.
Segundo o setor, na reconfiguração do sistema de saúde, em nosso município, o psicólogo passou a integrar equipes de Saúde da Família, com enfoque no tratamento de fenômenos da esfera psíquica ou mental e com a necessidade de compreendê-los a partir de suas multi-determinações, ou seja, considerando o contexto social, econômico e político no qual o indivíduo está imerso. “Assim, o atendimento psicológico de pacientes portadores de dependência química (droga-adicção) pode e deve ser realizado pelos psicólogos inseridos na Estratégia de Saúde da Família, pois o acolhimento destes pacientes no ambiente em que adoeceram viria ao encontro do desafio da ESF em construir um modelo e atenção à saúde pertinente à realidade local”, revelou a nota.
Desse modo, além dos profissionais psicólogos inseridos nas Unidades de Saúde da Família – USF, a Secretaria Municipal de Saúde disponibiliza atendimento psicológico em outros serviços de saúde, tais como o CRI (Centro de Reabilitação Integrada) e o Programa Jovem 100%. “Nesse sentido, existe dentro da Secretaria Municipal de Saúde uma ampla rede de serviços que trabalha de forma integrada e que está disponível a toda população residente no município, inclusive pacientes do Centro de Recuperação Vau de Jaboque”, completa o setor.
A nota diz ainda que, para que os atendimentos ocorram da melhor maneira possível (com integralidade e resolutividade), a SMS propôs ao “Vau de Jaboque” que encaminhe seus pacientes para as Unidades de Saúde da Família, CRI (Rua Aracajú, nº285, Centro) e Jovem 100% (Rua Guaíra, nº 226 – Vila Celso), respeitando-se os princípios organizacionais do SUS, por meio de carta de encaminhamento (referência) e as Unidades dessem a devolutiva necessária (contra-referência).
No posicionamento da Saúde, o setor comprova esse fato constatando que no dia 26, última segunda-feira, foi registrada uma consulta psiquiátrica de um interno do centro no Ambulatório Regional de Especialidades (ARE).

Do Padom: “Eu conheço esse centro de recuperação, pois a uns 6 ou 7 anos atras quando eu era líder de jovens, fomos lá com alguns jovens de nossa igreja, para louvar a Deus juntos com os jovens desse centro de recuperação… Na época tinhamos uma jovem, de nossa igreja internada lá, se recuperando dos vícios, pois ela tinha se distanciado dos caminhos do Senhor…. Eu vi a felicidades daquelas jovens, quando fomos lá, compartilhamos a Palavra de Deus juntos.. Hoje essa jovem de minha igreja, esta recuperada, líberta dos vícios, e hoje firme com Jesus…. Primeiramente graças a Jesus que ela foi liberta, e logo graças ao Vau de Jaboque… em nome de JESUS NÃO PODE FECHAR…” – Thiago Dearo

O Regional / Padom

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