‘Nunca tinha visto corpos em caminhão frigorífico’, diz padre

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"Estamos ensinando que existe vida após a morte. Vou de casa em casa para afirmar que Deus está ao lado dos que creem Nele. Nessas horas, uma palavra amiga, uma abraço, ajudam a superar a dor", garante Patrícia.

Padre Jorge Luiz: "Temos que ter firmeza na fé"; para ajudar as vítimas, o religioso participa das cerimônias de enterro até de madrugada

Na tentativa de garantir conforto espiritual às vítimas em Teresópolis, religiosos afirmam: “é hora de ter firmeza na fé”
Com a Ireja de Santo Antônio – uma das mais frequentadas em Teresópolis – permanetemente lotada, padre Jorge Luiz Pacheco não deixa de repetir aos fiéis: “temos que ter firmeza na fé e praticar a caridade”. A quem o procura em busca de respostas como “por que isso aconteceu com a gente”, ele responde: “Nós, católicos, acreditamos no pós-tragédia. Tudo o que pregamos é a vida eterna”.
Fiéis participam de missa em homenagem às vítimas de Teresópolis; padre Tiago José, que estava de férias, antecipou a volta ao trabalho para ajudar o padre Jorge Luiz
O trabalho das igrejas é contínuo. Além de coletar e distribuir alimentos, os fiéis atuam incansavelmente no apoio aos sobreviventes e às famílias das vítimas. As igrejas Batista e Metodista viraram abrigo improvisado para aqueles que perderam suas casas. A católica abriga 146 funcionários da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, da Defesa Civil e de outros órgãos públicos.
Garantir uma palavra que ajude a confortar a dor dos que perderam parentes, além de casas, é um trabalho difícil. “Tem horas que preciso fugir para o sacrário e conversar com Deus para recuperar as forças”, diz padre Jorge Luiz. “Os corpos estão em frigoríficos, nunca tinha visto isso”, espanta-se o religioso. “O único conforto possível é manter a força na fé”, ele prega.
Padre Jorge Luiz: “Temos que ter firmeza na fé”; para ajudar as vítimas, o religioso participa das cerimônias de enterro até de madrugada
Para garantir apoio às famílias, padre Jorge Luiz tem realizado cerimônias de sepultamento – sempre muito rápidas, em consequência do grande número de corpos a serem enterrados – até de madrugada. “Também percorremos os abrigos para oferecer uma bênção, um abraço e uma palavra de carinho e esperança”, ele diz.

Igrejas Universal, Batista e Metodista unem forças

"Estamos ensinando que existe vida após a morte. Vou de casa em casa para afirmar que Deus está ao lado dos que creem Nele. Nessas horas, uma palavra amiga, uma abraço, ajudam a superar a dor", garante Patrícia.

“Nessas horas somos todos irmãos de fé”, afirma o pastor Antônio Monteiro, responsável pela sede da Igreja Universal do Reino de Deus em Teresópolis. Os obreiros da congregação que ele representa levam a todo momento mantimentos, roupas, e produtos de higiene para os desabrigados que estão nas igrejas Batista e Metodista da cidade.
Pastor Antônio Monteiro, responsável pela sede da Ingreja Universal do Reino de Deus em Teresópolis: “A fé tem que estar acima dos sentimentos”.
“Temos conversado com os desabrigados e lembrado o tempo todo que a fé tem que estar acima do sentimento. Depois da vida na Terra tem a vida ao lado de Deus”, ele diz. “Através da fé nos vamos superar isso tudo. Mostramos para essas pessoas que a certeza da vitória é maior do que toda a perda”, afirma.
A obreira Patrícia Bacelete é uma das evangélicas que atuam na linha de frente para garantir conforto espiritual às vítimas. “Passo todo o dia percorrendo trilhas, atravessando rios, para levar mantimentos e uma palavra de fé. Todos que sobreviveram receberam um milagre, temos de agradecer a Deus por isso”, acredita.
A obreira Patrícia tem saído a campo para visitar sobreviventes em abrigos e levar uma palavra de esperança
“Estamos ensinando que existe vida após a morte. Vou de casa em casa para afirmar que Deus está ao lado dos que creem Nele. Nessas horas, uma palavra amiga, uma abraço, ajudam a superar a dor”, garante Patrícia.

IG / www.padom.com.br

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