Manifestantes cariocas ‘expulsam de campo’ o presidente do Irã

233

Cerca de 1500 pessoas compareceram a um protesto na Praia de Ipanema, Zona Sul do Rio de Janeiro, contra a visita ao Brasil do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, marcada para segunda-feira, dia 23. Com bandeiras do Brasil e cartazes, os manifestantes pediam ao presidente Lula que “explicasse ao convidado” o valor de conceitos como a democracia, a liberdade religiosa e sexual e a igualdade racial.O ato foi convocado por diversos grupos ligados a entidades de defesa dos Direitos Humanos e contra a discriminação. Grupos étnicos e religiosos, como judeus, ciganos, baha’is, evangélicos e umbandistas, além de gays, feministas e até um casal de muçulmanos também participaram da caminhada, que percorreu cerca de mil metros da orla, sob um forte sol.
Gritando palavras de ordem, os manifestantes usaram de bom humor para reprovar o convite feito pelo Governo Federal ao polêmico líder. Com apitos e cartões vermelhos, eles “expulsaram” Ahmadinejad, cujas declarações de que o Holocausto – matança de seis milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial – “não passa de um mito”: “O presidente do Irã deve ter uma família. Eu não tenho. Perdi a minha, cerca de 60 pessoas, no Holocausto. Como ele pode dizer que isso não existiu?”, perguntava-se Aleksander H. Laks, 82 anos e sobrevivente do campo de extermínio de Auschwitz, na Polônia. Com uma estrela amarela cozida na altura do coração, ele explicava: “Há 60 anos atrás eu fui obrigado pelos nazistas a usar isso. Hoje estou aqui, usando novamente essa estrela, mas como um ato de coragem”. Outro sobrevivente do Holocausto, Elias Mendel Braun, levou sua própria foto de quando era vítima das perseguições nazistas na Europa.
Muitos dos presentes exibiam bandeiras de Israel, país que segundo Ahmadinejad deveria ser “varrido do mapa para sempre”.
Um grupo de percussionistas do Afoxé Filhos de Ghandi ditou o ritmo da caminhada, que foi benzida com água de cheiro por mães de santo de grupos de candomblé. Ao lado deles, representantes do Grupo Arco-Iris, de defesa dos diretos dos gays, animavam os presentes com palavras de ordem e músicas.
Ao final da manifestação, uma grande gaiola contendo centenas de balões de gás foi aberta, representando a libertação das liberdades e conceitos reprimidos pelo regime teocrático iraniano.

OReporter/Padom

Deixe sua opinião