Lei contra homofobia acirra debate entre evangélicos e grupo GLBT

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A aprovação da Lei Francisco Dantas, na Assembléia Legislativa do Acre- ALEAC, tem acirrado o debate entre os representantes do movimento GLBT (Gays Lesbicas Bissexuais e Transexuais) no Acre e os pastores evangélicos. De um lado os religiosos alegam que a Lei, ao prever palestras sobre homofobia nas escolas, vai influenciar os estudantes a optarem pelo homossexualismo, e do outro os homossexuais rebatem as afirmações dos pastores, afirmando que o único objetivo da Lei é combater um problema presente na sociedade e nas escolas, a homofobia. A Lei Francisco Dantas, de autoria do deputado Moisés Diniz (PC do B – Ac) é uma homenagem póstuma ao ativista do movimento GLBT, Francisco Dantas, assassinado no dia quatro de agosto de 2007, por garotos de programas. A legislação institui o Dia Estadual de Combate à Homofobia, todo dia quatro de agosto.
Os religiosos se reuniram na semana passada para planejar uma série de manifestações sobre a aprovação da lei, entre outros temas polêmicos no meio religioso, como o aborto. Eles defendem que a aprovação de leis contra a homofobia são desnecessárias, pois a constituição já possui dispositivos para garantir as liberdades individuais, além disso acreditam que tais leis restringem a liberdade de culto religioso. “Nós não somos contra a pessoa do homossexual e sim contra a prática do homossexualismo, que é condenada pela bíblia. Com a aprovação dessas leis qualquer coisa que venhamos a falar será considerado como homofobia”, defende o pastor Rodson Souza, presidente da Associação dos Ministros Evangélicos do Acre- AMEACRE.
Para Souza, todas as pessoas possuem o direito de optar pelas preferências sexuais, no entanto a prática de palestras nas escolas seria uma forma de influenciar essa escolha. “A escola tem grande influência na formação do indivíduo, maior até que educação familiar”, comentou.
Os representantes do movimento GLBT criticam as justificativas dos pastores e afirmam que a Lei foi aprovada baseada em dados do Ministério da Educação (MEC), que apontam que 87% da comunidade escolar não aceita a presença de homossexuais nas escolas. O ativista do movimento GLBT Moisés Alencastro fala que, a questão não é influenciar e sim solucionar um problema existente. “A gente quer evitar que as crianças que são mais afeminadas saiam das escolas para irem para a rua se prostituir e deixem de adquirir conhecimento”, afirmou. Alencastro acrescenta que, a questão não pode ser analisada de forma superficial. “Ninguém dorme e no outro dia acorda homossexual, a pessoa nasce desse jeito’, falou.

Para ele, alguns religiosos fazem uma interpretação errada da bíblia e isso faz com que se perpetue a discriminação contra as pessoas que possuem uma orientação sexual diferente. “No próprio direito existem varias interpretações para códigos e leis. Imaginem se todo mundo tivesse a mesma interpretação de uma lei, não haveria dois lados, nem julgamentos”, exemplifica Alencastro, que é advogado. Ele ressalta que, a diversidade precisa ser respeitada para que não seja instaurado um clima de intolerância. “Temos que aprender a viver na diferença. Agora católicos, evangélicos e homossexuais vão ter que viver em guetos?” questiona o Ativista.

oriobranco / Padom

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