Júri: Beira-Mar diz que estuda teologia em presídio

220

O traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, disse na tarde desta terça-feira (12), durante julgamento na 4ª Vara Criminal da Capital, no TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro), que está estudando teologia. O curso, segundo ele, que está preso na Penitenciária Federal de Catanduvas (PR), acontece à distância. O traficante disse que, no momento, não está trabalhando, porque o presídio não ofereceria trabalho aos detentos.beira-mar 2

Beira-Mar negou que tenha ordenado a morte de três pessoas da favela Beira-Mar, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, enquanto estava preso em Bangu 1, na zona oeste do Rio de Janeiro, em julho de 2002.

Durante o julgamento, ele admitiu que tinha acesso a telefone celular dentro do presídio e que fez uma reunião por telefone com seus homens de confiança e outros de uma facção rival, que tentavam dominar o tráfico de drogas na favela, para tentar desarmá-los e expulsá-los do local. Segundo ele, nesta época houve confrontos na comunidade e criminosos e pelo menos dez inocentes morreram.  Entre os mortos estava Bone, um de seus comparsas, e outros dois homens de confiança do traficante.

— Eu nasci e fui criado nesta favela. Os moradores pagaram um advogado para me procurar no presídio, pois um morador presenciou eles [os bandidos da facção rival] matando o Bone, que trabalhava para mim. Matou ainda um morador e o filho dele [do morador]. Eu não era comparsa destes caras, eles eram meus rivais.

Beira-Mar disse ainda que era amigo de Ednei Thomaz Santos, que foi morto na época, e de Adailton Cardoso de Lima, que sobreviveu ao atentado. Segundo o traficante, Antonio Alexandre Vieira Nunes, conhecido como Playboy, que também morreu em julho de 2002, não pertencia ao seu grupo.

Apesar de citar outra facção rival, o bandido disse, durante o interrogatório nesta terça-feira, que não pertence a nenhuma facção criminosa.

— Minha facção sou eu.

Beira-Mar manda beijos para familiares

O criminoso respondeu às manifestações de familiares e amigos, que acompanhariam o julgamento dele, mandando beijos e cumprimentando a plateia.

Antes mesmo dos interrogatórios, o juiz Murilo André Kieling, que presidia a sessão, pediu para a plateia parar de provocar o criminoso para não atrapalhar o julgamento. Quem não obedecesse, seria retirado da sala.

Segundo o TJ-RJ, seis testemunhas (quatro de acusação e duas de defesa) foram convocadas a comparecer ao julgamento, mas faltaram. O oficial de Justiça não conseguiu localizá-las. Das testemunhas de acusação, o Ministério Público fazia questão da presença de Adailton Cardoso de Lima, que sobreviveu ao atentado em 2002. O Ministério Público acusa Beira-Mar de ter mandado matar Antonio Alexandre Vieira Nunes e Edinei Thomaz Santos dentro da favela Beira-Mar, em Duque de Caxias. O motivo do crime, segundo MP, teria sido um acerto de contas dentro da própria quadrilha de Fernandinho Beira-Mar.

De acordo com o TJ-RJ, a defesa de Beira-Mar chegou a cogitar a possibilidade de chamar os traficantes Marcinho VP (principal chefe da maior facção criminosa do Estado do Rio) e Chapolin (braço-direito de Beira-Mar), mas desistiu, pois os depoimentos ocorreriam por videoconferência.

Ele vestia camisa creme, calça jeans e tênis, e estava algemado. O criminoso era escolatado por quatro agentes do Depen (Departamento Penitenciário Nacional) e dois PMs.

R7 / Portal Padom

Deixe sua opinião