JESUS, A SEMENTE E O SOLO! (Pr. André Lepre)

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JESUS, A SEMENTE E O SOLO!

 

Mt. 13.1:30

Às vezes sentimo-nos sobrecarregados pelas dificuldades da vida. Todavia, se olharmos para Deus, Ele colocará os nossos problemas na devida perspectiva e renovará as nossas forças. Creio que a melhor maneira de renovarmos nossas forças é plantarmos sementes em Cristo Jesus.O que é uma semente?

A semente é o óvulo da flor desenvolvido após a fecundação. É a semente que abriga o embrião, a futura planta. O processo pelo qual o embrião da semente se desenvolve originando uma nova planta denomina-se germinação

De que se compõe a semente?

A semente é composta de tegumento e amêndoa. O tegumento é a camada externa da semente – a casca, que cobre a amêndoa, parte principal da semente. A amêndoa apresenta duas partes:

  • Embrião – Forma a nova planta quando a semente germina.
  • Albúmen – Contém as substâncias nutritivas que vão alimentar a plantinha nas primeiras fases de desenvolvimento.

* SEMENTE É UM SER VIVO CAPAZ DE PRODUZIR VIDA.

Jesus era um Mestre na palavra. Seus discípulos e as pessoas ao seu redor ficavam impressionados com as palavras e os ensinamentos de Jesus. Suas palavras penetravam o mais profundo do ser das pessoas. Tudo o que Jesus fazia quebrava os paradigmas e os conceitos estabelecidos. Jesus revelava em si mesmo um poder fora do comum, mas, ao contrário do que muitos poderiam imaginar, Jesus não se preocupava com a sua performance oratória, mas, sim, preferia dar ênfase à sua sensibilidade.

Jesus era econômico nas palavras. Mas sua sensibilidade era à flor da pele. Sabia o quanto era difícil para seus discípulos compreender seu projeto, suas idéias, seus sonhos. Por isso, em doses homeopáticas ia nutrindo-os a alma e o espírito, como uma mãe que acalenta seus filhos. Jesus tinha um grande projeto: Transformar os seus discípulos e toda uma geração em brasas vivas para incendiar o mundo com o Evangelho da mudança, da transformação, da construção, da reconstrução, do começo, do recomeço, da restauração, da restituição, dos projetos e dos seus sonhos.

Com suas palavras, Jesus conseguia de forma objetiva e profunda resumir assuntos que por outras pessoas seriam necessários vários e vários volumes de livros.

Deparamo-nos com o capítulo e os versículos acima citados e podemos compreender por uma inspiração divina que a história ali narrada sintetiza a grande missão de Jesus: SER UM SEMEADOR.

A parábola do semeador de uma forma simbólica apresenta o coração humano como vários tipos de solos. Nessa parábola Jesus não falou de acertos, de erros, de sucessos ou fracassos.

Jesus não usava as palavras para transmitir informações lógicas e nem via a nossa memória como um depósito de informações a serem repetidas. Entendo que Jesus via nossa memória como um solo fértil que deveria receber sementes que, uma vez germinadas, se desenvolveriam e iriam frutificar.

Jesus tinha e tem até os dias de hoje o desejo não de fazer de nós um eco, mas, uma voz que irá impactar uma geração. Certamente esse era um dos objetivos de Jesus ao narrar a parábola do semeador aos seus discípulos e aos que estavam ao seu redor. TRANSFORMÁ-LOS EM UMA VOZ!

Jesus decidiu plantar sementes no solo mais difícil que já existiu na face da terra. O coração e a mente do homem. Mas diferentemente dos frutos que uma semente de figos ou trigo produz, Jesus sabia que os frutos que germinariam do homem se ele estivesse disposto a se deixar plantar seria, vida, amor, paz, sensibilidade perdão, solidariedade, amizade…

Jesus era um plantador de sementes. E você? Quer ser um plantador de sementes?

Por que Jesus comparou o coração a um solo? Porque o coração do homem é capaz de produzir vida. Porque ele não queria dar apenas ensinamentos, regras de comportamento e normas de conduta. Jesus queria que esses ensinamentos germinassem para produzir os frutos que seriam necessários para o sustento da essência de um filho de Deus.

No A.T. as leis tentaram corrigir o ser humano, discipliná-lo, mas, falharam. Algumas pessoas têm a impressão ou até mesmo a certeza de que a lei era para formar pessoas perfeitas. Engano! Se esse foi o objetivo das leis elas falharam. O objetivo das leis não era produzir pessoas perfeitas e sim para que houvesse ordem e decência.

As leis tentam mudar o homem de fora para dentro. As sementes de Jesus mudam o homem de dentro para fora.

As sementes que Jesus planta tenta transformar o homem de dentro para fora. Era isso o que Jesus almejava. Para isso, não se valeu de qualquer tipo de pressão psicológica ou violência física e moral. Zacarias 4:6 vai dizer que a Palavra do Senhor não é por força nem por violência, mas sim pelo Seu Espírito.

Jesus sabia que a verdadeira mudança é aquela que vem de dentro para fora, aquela em que a transformação se dá na alma e no espírito do homem.

Os quatro tipos de solo da parábola representam os quatro tipos de personalidade ou quatro estágios de uma mesma personalidade.

1º. SOLO: O DO CAMINHO(Mateus 13:4) – E, quando semeava, uma parte da semente caiu ao pé do caminho, e vieram as aves, e comeram-na;

(Mateus 13:19) – Ouvindo alguém a palavra do reino, e não a entendendo, vem o maligno, e arrebata o que foi semeado no seu coração; este é o que foi semeado ao pé do caminho.

O que é um caminho?

É uma estrada compactada, rígida, fechada. É por onde passam pessoas ou coisas. Representa aquelas pessoas que não mudam ou não querem mudar. O terreno é tão compactado e rígido que a semente não consegue penetrar.

Pessoas que têm o seu próprio caminho. Fechadas dentro de si mesmas. Não estão dispostas ao novo, a aprender.

Pessoas que se tornam simples máquinas repetidoras de conceitos

* ESSE SOLO PRECISA SER ARADO

2º. SOLO: ROCHOSO(Mateus 13:5) – E outra parte caiu em pedregais, onde não havia terra bastante, e logo nasceu, porque não tinha terra funda;

(Mateus 13:6) – Mas, vindo o sol, queimou-se, e secou-se, porque não tinha raiz.

(Mateus 13:20) – O que foi semeado em pedregais é o que ouve a palavra, e logo a recebe com alegria; (Mateus 13:21) – Mas não tem raiz em si mesmo, antes é de pouca duração; e, chegada a angústia e a perseguição, por causa da palavra, logo se ofende;

Esse solo era melhor do que o primeiro. Nesse solo havia mínimas condições para que as sementes pudessem frutificar. A Bíblia diz que logo começaram a nascer porque havia um pouco de profundidade, porém, não era suficiente para manterem-se vivas porque suas raízes eram superficiais.

Esse solo representa aquelas pessoas que estão vivendo o evangelho da superficialidade. Que não se aprofundam nas águas do Espírito de Deus, que têm medo desse mergulho na verdade por causa do medo de exporem os seus erros, suas fraquezas, como se, todas essas coisas pudessem ficar ocultas diante de Deus. Mero engano! Os olhos do Senhor estão em todo lugar, contemplando os maus e os bons. Pv. 15.3

Pessoas que estão vivendo o evangelho de bons momentos. Vivem o evangelho somente dentro da igreja, cantam, sorriem, batem palmas, ouvem a Palavra, vão à frente, mas, não conseguem viver o evangelho fora das quatro paredes do templo.

Pessoas que vivem o evangelho de experiências visuais. De ver saltos, pulos, danças, sapateios, o mover do Espírito, línguas estranhas, revelações… Eu creio nisso tudo. Afinal de contas sou pentecostal.

Só que mais do que ser pentecostal eu sou alguém que acredita que o Evangelho é primeiramente transformação que se dá de dentro para fora e não de fora para dentro.

E aí fica uma pergunta para nós pastores, ministros do Evangelho de Jesus Cristo, despenseiros dos mistérios de Deus. Há uma responsabilidade sobre os nossos ombros:

Que tipo de Cristãos nós temos formado? Servos e servas profundas na intimidade com o Senhor ou rasas nesse relacionamento?

Que tipo de Evangelho temos ensinado? O da facilidade ou o da fidelidade a Deus?

À que tipo de relação temos levado os santos a ter com o Senhor? A da inconstância ou da constância. Da irresponsabilidade ou do comprometimento?

Às pessoas que são representadas por esse tipo de solo fica um ensinamento:

Qual é a melhor forma de superar os problemas?  Enfrentando-os!

Jesus nunca nos prometeu uma vida de facilidades. (João 16:33) – Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.

Muitas pessoas se iludem ou são iludidas por pessoas que vendem um falso evangelho. Um evangelho que diz que a sua vida será de facilidades e de bênçãos, parecendo um mar de rosas, nada disso!

A nossa vida não é fácil, mas uma certeza eu posso lhe dar: O Jesus a quem servimos é ilimitado e não há dificuldade que perdure ante o seu poder.

O enfrentamento dos nossos problemas se dá criando raízes em Cristo Jesus. Diz um escritor famoso que o sucesso de uma árvore está nas suas raízes. Também acredito nisso porque sem raiz não há árvore que possa suportar as intempéries do clima. A nossa raiz (vida) em Cristo Jesus nos faz suportar as tribulações.

Jesus disse que o Reino de Deus é como um grão de mostarda que quando é plantado é a menor de todas as sementes, mas, ao crescer torna-se a maior de todas as árvores e nos seus galhos os pássaros pousam e fazem ninhos.

Assim é você que quando se deixa plantar pelo amor de Jesus é a menor das criaturas, mas, à medida que esse amor vai crescendo torna-se o maior de todos os seres.

3º. SOLO: ESPINHOSO(Mateus 13:7) – E outra caiu entre espinhos, e os espinhos cresceram e sufocaram-na.

(Mateus 13:22) – E o que foi semeado entre espinhos é o que ouve a palavra, mas os cuidados deste mundo, e a sedução das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera;

Esse tipo de solo é melhor do que os dois anteriores. Não era rígido, não tinha pedras. Esse tipo de solo dava condições das sementes lançarem raízes profundas alcançando as águas submersas. E essas raízes suportavam o calor do sol, as condições adversas do tempo. Mas junto com as flores que começaram a brotar das sementes também cresceram os espinhos. O crescimento dos espinhos se deu tal forma que começaram a sufocar o desenvolvimento das flores.

Muitas vezes nós somos os nossos próprios espinhos. É quando nós mesmos nos sufocamos. Somos sugados por nossas preocupações, pelo materialismo, por nossas ambições pessoais, pelo desejo de sermos reconhecido por tudo e por todos.

O maior responsável por esse sufocamento não é o nosso fracasso, mas, o nosso sucesso. Conhece a estória do fusquinha? Aquele irmão que vivia pedindo a Deus um carro para poder oferecer melhor conforto à família para ir à igreja, para fazer a obra de Deus… E quando Deus o abençoou não saia mais da praia com sua família e seu fusquinha…

Ou então aquele irmão que estava desempregado e vivia na igreja, não faltava um culto, e se pudesse pediria ao pastor para criar um culto na madrugada para poder ir… Quando Deus abre a porta de emprego ele dificilmente é visto na igreja porque afinal de contas está trabalhando muito e não sobra tempo para Deus…

Quando estamos no auge é justamente aí que temos que tomar cuidado com os “nossos espinhos”.

4º. SOLO: BOA TERRA(Mateus 13:8) – E outra caiu em boa terra, e deu fruto: um a cem, outro a sessenta e outro a trinta.

(Mateus 13:23) – Mas, o que foi semeado em boa terra é o que ouve e compreende a palavra; e dá fruto, e um produz cem, outro sessenta, e outro trinta.

O quarto e último solo a que Jesus se refere é a boa terra. A boa terra é representada por aqueles que como diz a Bíblia ouvem e compreendem a palavra. Indo mais além e por uma inspiração divina podemos compreender como aqueles que não se tornaram meros repetidores de conceitos, mas, que refletiram sobre esses conceitos e se deixaram plantar e permitiram que a Palavra de Deus habitasse nas suas vidas.

Falar de boa terra não é falar de seres perfeitos, sem erros, sem equívocos, sem fracassos. Não é falar de pessoas cultas, com um coeficiente de inteligência acima do normal. Uma boa terra pode ser formada por pessoas que erram, que fracassam,  que sofrem derrotas, que têm defeitos, que são até mesmo complicadas de se conviver, mas, que abrem o seu coração para a Palavra de Deus e aplicam essa mesma Palavra com toda a sua intensidade em vossas vidas.

Pedro foi um bom exemplo de uma boa terra. Uma terra em que Jesus insistiu em plantar quando muitos desistiriam dele. Ô camarada difícil era Pedro. Difícil de conviver, uma personalidade muito forte. Duro com as palavras. Dificilmente (quase sempre) não abria mão de suas convicções. Se preciso fosse partia para a espada capaz até mesmo de cortar a orelha de alguém. Pedro era o tipo de gente que batia de frente com todo mundo. Até o dia em que bateu de frente com o Mestre dos mestres e se tornou o mais fértil de todos os solos.

Quando a história de Pedro chega no momento da prisão de Jesus e do interrogatório na casa do sumo sacerdote Caifás, Pedro já havia passado pelos três primeiros estágios do solo:

  • O do caminho
  • O rochoso
  • O espinhoso
Quando Jesus é preso Pedro entra no quarto e último estágio do solo. Quando ele torna-se uma boa terra. Ao negar Jesus no pátio de Caifás Pedro percebeu que, ele não era tão forte e seguro quanto parecia. Pedro percebeu que tinha ainda muitas limitações. E quando Pedro olha para Jesus vendo-o ser levado pelos soldados, ele começa a chorar. E esse choro podia parecer ou dar a falsa impressão de que demonstrava a sua covardia, mas, pelo contrário, o choro amargo de Pedro é a maior demonstração e ato de coragem que eu já vi alguém cometer. A coragem de se esvaziar, aprender a lição e começar ou recomeçar mais uma vez.

Jesus não desistiu de Pedro. Jesus acreditou que Pedro era capaz de produzir muitos frutos para o Reino de Deus. Ao ser perguntado por três vezes se amava a Jesus pelo próprio, na terceira vez em que responde, Jesus diz: “Vai Pedro e apascenta as minhas ovelhas”

Sabe por que isso aconteceu?

Porque Jesus confiou plenamente nas sementes que Ele mesmo plantou. Jesus não planta somente sonhos em nosso coração. Jesus planta a esperança de dias melhores.

Podemos por algumas vezes negá-lo, traí-lo, esquecê-lo, mas, Ele não desiste de nós. Ele continua acreditando no potencial das sementes que tem plantado no solo da nossa vida.

Para Jesus o nosso solo não é inútil ou imprestável. Para Jesus a nossa vida sempre será um campo fértil para produzir frutos. Depois disso, Pedro em duas pregações ganhou quase 5.000 almas para o Reino de Deus.

Quer ter uma colheita abundante? Seja BOA TERRA para a Gloria de Deus.

Encerro essa reflexão com um pensamento de um famoso escritor que diz que há duas maneiras de se fazer uma fogueira: Com sementes e com madeira seca. Muitos optam pela madeira seca. Mas Jesus nunca preferia a madeira seca. Ele preferia as sementes porque sabia que teríamos sempre uma floresta e que nunca faltaria madeira para nos aquecer.

Pense nisso!

Nele, por Ele, para Ele.

Pr. André Lepre Ouça TORRE FORTE

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