Índios reverenciam os mortos de diferentes formas

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O ritual de celebração dos mortos ganha roupagens diferentes de acordo com cada nação indígena. Embora algumas já tenham adotado rituais cristãos, por conta de influênciae católica e evangélica, muitas ainda mantêm antigos rituais, herdados dos antepassados.Os Pataxó, da Bahia, têm dois momentos específicos. Um é quando a pessoa morre. “A gente fica no meio da casa e começa a entoar os cânticos para a pessoa morta até amanhecer o dia. Paramos para descansar um pouco, mas não dormimos”, explica o pataxó Aruanã.
Outro momento é uma espécie de celebração geral para os mortos, com rodas de cânticos que envolvem toda a aldeia. Ontem, os Pataxó fizeram uma pequena demonstração de como essa cerimônia é realizada.
Entre os índios da etnia Gavião, o ritual segue um padrão específico. “Quando uma pessoa morre, todos ficam quietos, guardam silêncio. No sétimo dia, todos se pintam, cantam e dançam. Depois, os homens vão buscar uma tora na mata. É feita a corrida da tora, que depois é levada até o cemitério, onde é feita uma dança específica para liberar o espírito do morto. No Dia de Finados não é feito nada específico”, explica o cacique Pana.
Já os Bororo optam por uma celebração silenciosa em respeito aos espíritos que se foram. Os Tembé têm uma celebração específica, mas que não pode ser revelada a quem não é da tribo. “É algo muito particular”, diz Sérgio Tembé.
Entre os paraenses Kaiapó, quando um ente querido morre, os familiares ficam sem usar pintura e adereços no corpo por um ano, segundo o kaiapó Tukuí.
“Depois de 15 dias da morte da pessoa, a gente volta à mata para um ritual de libertação do espírito. Todos se recolhem para a mata sagrada e entoamos nossos cânticos”, diz Tanoné, da tribo Kariri-Xocó, de Alagoas.
Entre os índios Kuikuro, do Xingu, no Mato Grosso, a celebração é feita apenas para os caciques. “Se não for, ninguém liga”, diz o cacique Jakalo Kuikuro. Já para os caciques e seus familiares, o ritual é feito um ano depois. É o conhecido Kuarup.
Entre os Kaigang, do Rio Grande do Sul, quando uma pessoa morre, são feitos cânticos. Depois, o corpo é levado ao cemitério, onde o ritual continua.
Outras tribos adotaram os mesmos rituais cristãos. Os Xavante, de Mato Grosso, seguem tanto os preceitos católicos, como evangélicos. “Fazemos orações aos nossos mortos no Dia de Finados”, diz Dulcindo Tsereraiwe.
Os Terena, de Mato Grosso do Sul, também adotaram práticas cristãs para celebrar os mortos. “Temos várias congregações. Na nossa cerimônia vamos todos juntos para o cemitério saudar nossos mortos”, diz Zeferino Terena.

Diário do Pará / Padom

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