Igreja chinesa atribui “mal-entendido” às críticas do Vaticano

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A Igreja Católica Patriótica China avaliou nesta sexta-feira como um “mal-entendido” as críticas do Vaticano à ordenação de um bispo e lamentou que a Santa Fé tenha utilizado o episódio para declarar que no país asiático não há liberdade religiosa.

Conforme declarações à Agência Efe do vice-presidente e principal porta-voz da Igreja chinesa, Anthony Liu Bainian, a instituição, que não reconhece a autoridade direta do Vaticano, informou que ordenaria o bispo Joseph Guo Jincai na diocese de Chengde há dois anos e o Vaticano não tinha se manifestado a respeito. No entanto, nesta semana um comunicado vaticano afirmou que a ordenação, no dia 20 de novembro, tinha sido realizada “unilateralmente” e era uma “grave violação da liberdade de religião e de consciência”, anunciando inclusive que “ofendia o Santo Padre”. “É um mal-entendido. O catolicismo na China compartilha da mesma missão do Vaticano, a de evangelizar”, explicou Liu à Efe, que culpou a Santa Fé por não ter dado uma resposta clara sobre a ordenação do bispo. A ordenação de bispos na China sem permissão do Vaticano foi a razão para que os dois países rompessem relações em 1951. Atualmente a Santa Sé mantém contato direto com Taiwan, único aliado europeu da ilha. Nos últimos anos, no entanto, o atrito tinha sido minimizado, já que a Igreja oficial chinesa, controlada pelo Partido Comunista, informava as ordenações ao Vaticano, sem significar que considerasse necessário seu aval para fazê-las. Liu lamentou que após dois anos de silêncio o Vaticano tenha divulgado críticas publicamente contra a Igreja oficial chinesa e inclusive afirmasse que no país “não há liberdade de religião”, algo que conforme o vice-presidente “não é verdade”. “Se o Governo chinês realmente não quisesse que as pessoas tivessem suas próprias crenças, não haveria empenho nenhum, mas por outro lado apoiamos as atividades católicas”, argumentou o vice-presidente. Também informou que na China, nos últimos 30 anos, o número de fiéis no país saltou de dois milhões para seis milhões de católicos. Liu garantiu que a doutrina do papa é seguida na China, embora não reconheçam como poder direto de decisão, e afirmou que “é difícil divulgar religiões estrangeiras no país”. As críticas do Vaticano também foram respondidas pelo Ministério de Assuntos Exteriores chinês cujo porta-voz, Hong Lei, declarou em entrevista na quinta-feira que constituem “um ato de restrição da liberdade” e um caso de “intolerância”. Por outro lado, na mesma conferência Hong criticou o recente relatório anual sobre liberdade religiosa do Departamento de Estado americano, no qual China, como cada ano, era duramente criticada. “China se opõe firmemente a postura dos Estados Unidos ataque a situação de seus direitos humanos religiosos, lançando ano após ano relatórios e interferindo nos assuntos internos chineses”, afirmou Hong, que acrescentou que no país asiático há liberdade de credos de acordo com a lei.

Terra / Portal Padom

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