Envergonhada…e não orgulhosa disso

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Durante meu 2º ano do ensino médio, um nerd veterano desenvolveu uma paixonite por mim. No colégio eu não tinha problemas de ser amiga de um nerd. Apesar de eu não estar interessada nele, sexualmente falando. Ainda assim, eu não desencorajava a sua paixão por mim.

Eu continuava a rir de todas as piadas do John e eu, constantemente, dava-lhe um soco no braço, de brincadeira, achando que nada de mal poderia sair dessa situação. Infelizmente John interpretou todos os meus sinais erroneamente e começou a me perseguir de forma mais persistente. Me mandava flores e poemas, me convidava para o cinema, fazia insinuações sexuais, deixando o braço cair sobre o meu ombro e causando rumores que eu e John estávamos namorando. Eu havia perdido completamente o controle da situação.

Meu amigos, maldosos que eram, começaram e me provocar. Piadas de como eu ia acabar tirando a virgindade de pobres garotos em meio a gargalhadas se tornaram comuns. Depois de um tempo, eu comecei a culpar o John por todos esses problemas. Por que ele não percebia que eu não estava ao seu alcance?

Você se sente enojada por ler essa última frase? Eu me sentia. Mas deixe-me avisá-lo, só vai piorar.

Um dia, John me deu um presente que deve ter custado uma fortuna para um garoto do ensino médio. Era um pingente em formato de coração com diamantes encrustados, numa corrente de ouro. Quando ele me deu isso, ele tinha um sorriso abobalhado no rosto e disse-me que ele havia poupado dinheiro por três meses para poder comprar esse presente para mim. Foi nesse exato momento que eu explodi.

Eu joguei o cordão de lado e com muita raiva disse ao John que não queria aquilo. Disse-lhe que eu o odiava e que se nós fossemos as últimas pessoas no mundo, mesmo assim eu nunca iria namorar com ele. Eu o chamei de perdedor, fracote, retardado social. O seu rosto se contorcia enquanto eu maldosamente o humilhava, mas eu não podia me conter. Eu estava cheia de raiva,  ressentimento, culpa e constrangimento. Finalmente, John fracamente se defendeu, e com um sussurro rouco me insultou. Furiosa, eu o chamei de Zé Ruela e sai da biblioteca com o rosto vermelho de tanta raiva.

Eu procurei por meus amigos e recontei, com súbito remorso, como arrasei com o espírito do John. Eu achei que eles fossem ficar com nojo da minha crueldade, mas eles apenas riram e me incentivaram. Eles acharam o meu insulto final, ZÉ RUELA,  o auge da comédia e do humor. Desse momento em diante,  sempre que víamos John no corredor, gritávamos com sarcasmos para apenas lembrá-lo que ele era um ZÉ RUELA. Isso durou semanas.

Sempre que olho pra trás, eu relembro do rosto do John. Eu relembro o olhar de pavor que refletia dos seus olhos quando ele virava no corredor e percebia que nós estávamos lá. Eu recordo como a minha voz impiedosa e cruel soava, e relembro como nossa gargalhada zombeteira ecoava pelos corredores. Mais que tudo, eu me relembro como eu não podia resistir a mim mesma e como eu alegremente deixava algo nojento e odioso em mim me dominar simplesmente porque eu não podia encarar meus próprios erros e inadequações.

Nesse meio tempo, John me escreveu uma carta. Nela, ele me disse que ele já havia me achado bonita e inteligente. Ele disse que, inicialmente, se atraiu pela minha doçura e senso de humor. Ele disse que agora que me conhecia melhor, ele podia ver claramente que havia se enganado. Ele disse que meu comportamento me fez feia e que ele não queria ter mais nada comigo. E pediu para eu deixá-lo em paz.

Durante o almoço, eu reli a carta para os meus amigos. Nós todos rimos e gargalhamos, e procuramos por todos os erros de ortografia e de gramatica. Meus amigos me perguntaram como eu me sentia tendo meu primeiro perseguidor e eu fiz uma piadinha boba sobre como dormia com um taco de baseball ao meu lado.

Mas por dentro? Por dentro eu me sentia envergonhada. Aquele rapaz me achava bonita e eu o humilhei. Ele me achava inteligente e eu o degradei. Ele me achava doce, divertida e gentil e eu o humilhei na frente de várias pessoas. O único erro daquele rapaz foi que ele foi gentil comigo e eu respondi o fazendo se arrepender disso.

Eu, que sempre se orgulhei de ser uma boa pessoa e fazer a coisa certa, sucumbi a um grupo de mentalidade perversa e crueldade sem tamanho. Eu me perguntava o que há com as pessoas que sempre sentem a necessidade de estabelecer uma hierarquia. Que direito eu tinha de determinar que eu estava fora do alcance do John? O que faltava em mim que me fazia me sentir melhor degradando outra pessoa? Que tipo de pessoa eu era retribuindo a gentileza de alguém cuspindo-lhe no rosto? Eu sentia que se meu pai estivesse vivo para ver tudo que havia feito, ele teria virado as costas para mim.

Eu mantive a carta do John por todos esses anos. Eu a mantive porque me machuca lê-la. Ela é um lembrete de que uma pessoa um dia me achou inteligente e bonita,mas meu comportamento a fez mudar de idéia. Quando estou me sentindo realmente mal sobre o sentido da minha vida, e a releio e e penso comigo mesma que um dia houve um rapaz que eu abusei para não mostrar as falhas inativas do meu caráter. Quando eu a guardo, faço um voto silencioso de ser gentil com que for comigo. Algumas vezes eu falho com outros e fazendo isso, falho comigo também. Eu acredito que durante toda a minha vida, haverão muitas outras falhas. Meu maior medo é que as duras observações do John sobre meu caráter ainda sejam verdades até hoje.

Todos nós sentimos vergonha de algo sobre a nossa vida. E isso vai muito além de tratar alguém mal no colégio. Pode ser a vergonha de um abuso sexual que nos infligiram. Ou maus hábitos que desenvolvemos. Ou a constante consciência que somos menos que os outros vêem. E nessa luta com a nossa vergonha, nós podermos evitar especialmente Deus, crendo que Deus só nos fará sentir pior.

Como uma pessoa colocou “Se o seu Deus existisse, eu me pergunto se ele se preocuparia comigo. Eu fiz algumas coisas bem estúpidas na minha vida. Meu pensamento é que Ele desviaria o olhar com desdém e completo e total desapontamento.”

Isso é verdade? A luz do fato que Deus nos vê totalmente, então como Ele nos vê?

Deus disse que conhece “os pensamentos e intenções do coração. Nada, em toda criação, está oculta aos de Deus. Tudo está descoberto e exposto diante daquele a quem havemos de prestar contas.” (Hebreus 4. 12,13) De uma maneira estranha, isso é confortante. Ao menos existe uma pessoa que realmente sabe de tudo, cada detalhe sobre nós. Deus é a única pessoa para quem não precisamos esconder nossos segredos. Ele sabe de tudo. Abaixe a guarda.

Essa próxima consideração pode te surpreender. Deus diz que ele “se compadece das nossa fraquezas.”(Hebreus 4.15,16) Deus não espera que sejamos perfeitos. Nós nunca iremos nos comportar perfeitamente bem, ou tratar os outros perfeitamente. Isso seria o correto a se fazer. Mas nenhum de nós é justo. Nós mentimos, menosprezamos, criticamos, somos impacientes, arrogantes. Nós temos pensamentos horríveis com outros, e nos envolvemos com coisas que não gostaríamos que ninguém nos visse fazendo.

Algumas pessoas acham que se nós tivéssemos mais conhecimento dos Dez Mandamentos nós agiríamos melhor. O pensamento deles é que nós precisamos ser lembrados a não mentir, a não adulterar, a não matar. Contudo, os Dez Mandamentos não irão nos fazer uma pessoa melhor, não importa o quão proeminente eles sejam exibidos. Deus nos diz que o propósito dos mandamentos, isto é, da Lei: “ninguém será declarado justo diante dele baseando-se na obediência da à Lei, pois é mediante a Lei que nos tornamos plenamente conscientes do pecado.” (Romanos 3.20) Tentar viver de acordo com os mandamentos de Deus não irá nos livrar da culpa, mas provavelmente irá aumentá-la. Este não é o caminho para superar a vergonha.

Tornar-se um religioso também não é a resposta. Há uma atração atualmente em se seguir rituais religiosos rígidos. Quanto mais rígido melhor. O mais radical, o mais devoto. Esta abordagem distorce a submissão, porque fala a nosso respeito em fazemos, em sermos diligentes.  Mas nos sujeitarmos a hábitos religiosos é uma esperança vazia. Isto tem pouco resultado em nos livrar da vergonha, do pecado ou dos nossos fardos internos.

O único caminho para liberta-se da vergonha é convencer-se que você é totalmente amado. Deus, que conhece cada detalhe sobre você, o convinda a conhecer seu amor.

Jesus nos convida a ter um relacionamento com ele, “Vinde a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso. Tomem sobre vocês o meu jugo [um boi mais fraco seria emparelhado com um boi mais forte] e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para as suas almas. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.” (Mateus 11.28-30)

Ele pode nos libertar da vergonha que carregamos e mudar profundamente a nossa percepção sobre nós mesmos.

Tome o exemplo desta mulher judia do Oriente Médio, descrita no Evangelho de João. Ela já havia se casado cinco vezes, e decidiu que desta vez só iria viver com o cara.  Todos no vilarejo a conheciam, e provavelmente falavam dela. Sentindo-se tão excluída, ela tinha que ir ao poço buscar água no horário do dia quando ninguém mais pudesse estar lá. Jesus, contudo, esperou por ela no poço. E disse a ela como que ela poderia ter a vida eterna. Ela ficou tão comovida com a conversa, que ela persuadiu a todos no vilarejo a irem conhecer Jesus. Isto é uma mudança e tanto, de evitar as pessoas a desejar se dirigir a cidade inteira. Você sabia que Jesus pode lhe dar esse tipo de liberdade?

No Evangelho de João, havia uma mulher pega em adultério e que foi arrastada diante de uma furiosa multidão que estava pronta para apedrejá-la até a morte. Eles pediram a Jesus que desse a sentença. Ele respondeu que a pessoa sem pecado atirasse a primeira pedra. “Os que o ouviram foram saindo, um de cada vez, começando pelos mais velhos. Jesus ficou só, com a mulher em pé diante dele. Então Jesus pôs-se em pé e perguntou-lhe: ‘Mulher, onde estão eles? Ninguém a condenou?’ ‘Ninguém, Senhor’, disse ela. Declarou Jesus: ‘Eu também não a condeno. Agora vá e abandone a sua vida de pecado.’” (João 8.9-11) É através de Jesus que podemos também obter perdão, uma ficha completamente limpa. Uma vida muito diferente. Você alguma vez já se perguntou o que Deus pensa sobre você? Aqui está uma amostra de como Jesus nos vê: “Ao ver as multidões, teve compaixão delas, porque estavam aflitas e desamparadas, como ovelhas sem pastor.”(Mateus 9.36) Ninguém se importava com eles. Ninguém os guiava, os protegia. Ninguém supria as suas necessidades.

Você compreende que é assim que Jesus te vê? Aflito e desamparado, como ovelha sem pastor. Em resposta as suas necessidades, Jesus nos diz, “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas. O assalariado…quando vê que o lobo vem, abandona as ovelhas…Ele foge porque é assalariado e não se importa com as ovelhas. Eu sou o bom pastor.” (João 10.11-14) Aquele que verdadeiramente se importa com você. “Eu vim para que tenham vida e a tenham plenamente.”(João 10.10)

Mais que qualquer outro, Jesus é aquele a quem devemos ir nos momentos de vergonha e falhas pessoais, quando outros pecam contra nós. Jesus não está pedindo para superarmos a nossa vergonha. Ele está pedindo para ser o nosso pastor.

Ele é capaz de colocar a nossa vergonha no passado, “Vocês estavam mortos em suas transgressões e pecados, nos quais costumavam viver…” (Efésios 2.1,2) Ele não está dizendo isto “Se esforce mais. Seja uma ovelha melhor.” Ao invés disso, “Todavia, Deus que é rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou, deu-nos vida com Cristo… para mostrar… a incomparável riqueza da sua graça, demonstrada em sua bondade para conosco em Cristo Jesus. Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie.” (Efésios 2.4-9)

 (traduzido por Soraya Gomes, revisado por Rosa Boldrido)

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