Em dia de “Parada Gay”, frases religiosas amanhecem pintadas nas vias do Centro; população não gosta

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Três das quatro vias que cercam a praça Ary Coelho, no centro da Capital, amanheceram esta sexta-feira, 20, pintadas com frases religiosas. O ato, visto como uma manifestação contra à 8ª Parada da Diversidade Sexual, desagrada a maioria da população, que não sabe quem fez as pichações.As frases “Buscai o Senhor enquanto se pode achar!”, “Jesus Voltará” e “O pecado não te ama! Jesus sim te ama!”, ocupam todos os trechos da 14 de Julho, Afonso Pena e 15 de Novembro que cercam a praça. As palavras são brancas e pintadas à mão. Segundo Alan, da farmácia DrogãoMix, quando o estabelecimento abriu, às 7h, “já estava tudo ponto”.
“Acho errado isso. Todo mundo têm direito e envolveram a religião dos outros no meio. Porque que não pintaram semana passada?”q, uestionou.
O pessoal da farmácia São Bento, na avenida Afonso Pena com a 14 de Julho, que fica aberta 24 horas, também relatou que ninguém falou nada. Segundo eles, a escala de plantão troca às 7h, e ninguém comentou.
O presidente da Aliança Evangélica de Campo Grande e vice-presidente da Igreja Batista, Ronaldo Leite, disse ao Capital News, que a igreja, tanto Evangélica, quanto Batista, condena a ação de pichação.
Ronaldo diz que a marcha da “Parada Gay” já passou algumas vezes pela igreja, dizendo que os evangélicos são homofóbicos. “Porém, acho que quem fez isso são desavisados. Evangélicos que têm Jesus no coração, respeitam a Lei”. Segundo ele, se fosse outro tipo de manifestação, como cartazes, tudo bem.
A presidente da ATMS (Associação das Travestis e Transexuais de Mato Grosso do Sul), Cris Stephany, questionou a ação. “Quem será que são os baderneiros? Nós que estamos em um movimento legalizado ou esses conservadores eu fizeram isso? Este é um ato de discriminação.”
Segundo Cris, na Marcha para Jesus, realizada pelos Evangélicos, “nenhum homossexual foi incomodar”.

Opinião da população
Para Maria Silva, que estava passando pela praça, as pinturas podem ser vistas como forma de evangelização. “ Acho que Deus deixou dois caminhos, o certo e o errado. A pessoa que fez isso, talvez quisesse mostrar o certo. Quem quiser é só não olhar”, disse ela.
Já o mototaxistas Wesley, que só ficou sabendo hoje pela manhã, afirmou que a atitude é errada por dois motivos. “Primeiro porque a rua é pública e segundo, porque quem disse que gay não tem religião”.

História do movimento
Cris citou o conflito em um bar no bairro de Greenwich Village, na cidade americana de Nova York, em 28 de junho de 1969. O Stone Wall Inn era frequentado por homossexuais e a Polícia constantemente fazia as pessoas dali vítimas de agressões e extorsões. A data ficou marcada pelo início da organização dos gays.
Naquela semana, a atriz Judy Garland (a Dorothy do famoso filme O Mágico de Oz, dos anos 1930), havia morrido. Diversas drag queens se “tornaram” a personagem em homenagem ao ícone. Todavia, em ação truculenta, os policiais chegaram a bater e prender algumas.
Travestis e homossexuais defenderam as drags. Houve três dias de protesto intenso na cidade, marcado pelo grito de “não à intolerância”.
Nesta sexta, a marcha no centro da Capital percorre as ruas 14 de Julho (saindo da praça Ary Coelho), Marechal Cândido Mariano Rondon, 13 de Maio e Barão do Rio Branco com chegada prevista para as 18h na praça do Rádio Clube.

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Capital News / Padom

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