Egito: Presidente islamita deposto se mostra desafiador em seu julgamento

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Depois de passar quatro meses preso em um lugar não revelado, o deposto presidente egípcio Mohamed Morsi, rejeitou provocadamente na segunda-feira a autoridade do tribunal para julga-lo, afirmando que é o líder ‘legitimo’ do país e disse que os que o expulsaram do poder são os que deveriam ser processados.

Mohamed-Mursi-presidente-islamita-depostoO julgamento foi adiado para o dia 08 de janeiro, depois de várias interrupções.

Morsi, o primeiro presidente eleito em eleições livres na história do Egito, foi preso em um lugar secreto desde que as forças armadas o derrubaram em um golpe de estado no dia 03 de julho.

Violência contra os cristãos.

Após a derrubada de Morsi a comunidade cristã do país tem sido objeto de constantes abusos por parte de membros da Irmandade Muçulmana que acusa os crentes de provocarem a destituição do presidente islamita.

Os defensores da Irmandade tem destruído e queimado igrejas em Giza (Grande Cairo), um grande número de igrejas em Minya (Alto Egito), Fayoum, Assiut, Suez, Arish (Sinai), Luxor (sul do Egito), e a sede da Sociedade Bíblica do Cairo e a esocla franciscana em Suez.

É extremamente preocupante que a comunidade cristã egípcia esta sendo atacada por partidários de Mohamed Morsi, em respostas aos eventos do Cairo“, disse recentemente Hassiba Hadj Sahraui, vice-diretor da Anistia Internacional no Oriente Médio e África do Norte, indicando que o Egito falhou em fornecer proteção aos cristãos.

Morsi desafiador diante os juízes

Com aparência saudável, Morsi apareceu no tribunal com um terno azul escuro e sem gravata. Ele se recusou usar um uniforme da prisão como havia ordenado o juiz, segundo funcionários de segurança.

Morsi e 14 coacusados, figuras proeminentes de sua Irmandade Muçulmana, são acusados de incitar a morte de manifestantes que se reuniram em frente ao palácio presidencial em dezembro, exigindo a revogação de um referendo sobre uma nova Constituição elaborada por seus aliados islamitas.

Membros da Irmandade Muçulmana atacaram os manifestantes que realizavam sentados um protesto pacífico, nos confrontos posteriores morreram dez pessoas. Se forem declarados culpados, Morsi e os demais acusados poderão ser condenados a pena de morte.

O líder da Irmandade rejeitou o processo e disse que havia sido forçado a participar.

“Este é um golpe militar, cujos líderes devem ser processados de acordo com a Constituição”, disse Morsi no tribunal.

“Eu sou o presidente da república e estou aqui contra minha vontade”, acrescentou. “O que se pretende aqui é dar uma justificativa ao golpe militar”.

Enquanto isso, seus coacusados, repetiam “Abaixo, abaixo o golpe militar!”

A acalorada sessão de segunda-feira, reflete a atmosfera aquecida de uma nação profundamente polarizada entre os partidários islamitas de Morsi, por uma parte, e por outra o governo apoiado pelos militares e os egípcios moderados que o respaldam.

O inicio da audiência demorou quase duas horas devido ao que alguns funcionários, que falaram sob a condição de não serem identificados, disseram que foi uma disputa pela negativa de Morsi em usar o uniforme da prisão, parte de sua rejeição da legitimidade de seu julgamento.

O juiz Ahmed Sabry Yussef, teve que adiar duas vezes a audiência devido aos cânticos dos coacusados que interrompiam o processo. O julgamento foi adiado o até o dia 08 de janeiro para permitir que os advogados de defesa analisem os documentos, disse o secretario judicial. Os advogados indicaram que o juiz determinou que tenham acesso a seus clientes na prisão.

Não estava claro no momento onde Morsi foi levado depois do adiamento. Em principio a televisão estatal informou que seria transferido a prisão principal no Cairo, onde estão os seus coacusado. Mas em seguida, informou que seria enviado a um cárcere no deserto perto de Alexandria.

Os militares por sua vez, dizem que derrubaram Morsi do poder, somente depois que milhares de pessoas se mobilizaram para exigir a sua remoção, acusando a ele e a Irmandade Muçulmana de tentar subverter a lei e impor sua vontade.

Enquanto os defensores de Morsi,acusam os militares de esmagar a nascente democracia desconhecendo os resultados das eleições ganhadas pelos islamitas desde a queda em 2011 do ditador Hosni Mubarak no levante popular.

Os defensores dos direitos humanos tem manifestado sua preocupação em torno da imparcialidade do julgamento, já que tem lugar em meio de uma repressão massiva da Irmandade e seus aliados islamitas, na qual milhares de pessoas têm sido presas e centenas morreram.

Portal Padom

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