Um dos advogados dos dez americanos presos no Haiti pela tentativa de retirar 33 crianças ilegalmente do país, Jorge Puello, disse nesta sexta-feira (5) que a defesa pode argumentar que as crianças foram dadas aos missionários “de bom grado”. “Se a promotoria do país mantiver a acusação de sequestro, a defesa vai destacar que os pais deram de bom grado os seus filhos para os missionários”, disse Puello.
O advogado diz que para se cometer o crime de sequestro o acusado tem que levar uma pessoa contra a sua vontade.
Ontem (4) os americanos foram acusados formalmente de “sequestro de menores e associação criminosa” pelo governo do país. O ministro da Justiça haitiano, Paul Denis, disse que grupo deve ser julgado no Haiti e não enviado aos Estados Unidos. “Eu não vejo por que eles deveriam ser julgados nos Estados Unidos. Eles cometeram um crime no Haiti, portanto é no Haiti onde devem ser julgados”, disse.
Segundo Puello, se a promotoria haitiana mudar de tática e acusar os americanos de tentativa de retirada ilegal das crianças, a defesa utilizará outros argumentos. “Meus clientes estavam a 20 minutos da fronteira a espera da chegada das autorizações para levar as crianças para a República Dominicana. Eles acreditavam que isto estava sendo providenciado. Prova disso é que eles estavam próximos à fronteira a mais de dois dias”, disse.
Puello ressaltou que a defesa não quer fazer nenhum tipo de acordo com o governo haitiano. “Nós iremos até o final sobre este assunto”, completou o advogado. Puello afirma que os advogados “estão se preparando para ir a julgamento, se for o caso, e que acredita que o governo haitiano terá um duro trabalho pela frente”.
Histórico de dívidas
De acordo com o jornal “Idaho Statesman”, de Boise (capital de Idaho), Laura Silsby, 40, líder do grupo preso no Haiti, tem diversas ações judiciais em seu nome nos EUA. A PersonalShopper.com, empresa de Silsby sediada em Boise, não conseguiu pagar seus empregados e Silsby aparece em pelo menos oito ações cíveis e 14 reclamações de salários não pagos.
Segundo a publicação, ela também tem um histórico de dívidas e a casa de US$ 358 mil onde fundou a ONG New Life Children’s Refuge foi hipotecada em dezembro.
Todos os americanos acusados fizeram a viagem ao Haiti por meio da ONG fundada por Silsby, que também é ligada à Igreja Batista de Meridian.
Dois dias depois da prisão, Silsby, afirmou à agência de notícias Associated Press que as crianças eram órfãs e que seriam levadas para um hotel da área de Cabarete, na costa da República Dominicana. O hotel, de 45 quartos, seria, posteriormente, transformado em um orfanato, ainda conforme a missionária.
As crianças levadas pelo grupo tinham idade entre dois meses e 12 anos. Das 33 crianças, 21 vinham de um mesmo vilarejo na periferia da capital haitiana e foram entregues pelos próprios pais aos missionários. A investigação deve durar pelo menos três meses e se condenados, os missionários podem pegar longas penas de detenção.
Fonte: UOL / Padom
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