Crucifixo e sacrário são destruídos por evangélico

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Os católicos da Meruoca estão inconformados diante de um ato de destruição de imagens sacras

Uma invasão à Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição provocou medo e indignação na população desta cidade. O atentado aconteceu por volta das 19h do último domingo, no momento em que o padre Emanuel Franklin celebrava a missa campal, em homenagem à São Francisco de Assis. De posse de duas facas, Márcio Renner Oliveira da Costa, de 24 anos, evangélico, destruiu o sacrário e um crucifixo feito em madeira, considerado uma relíquia para a Igreja. Segundo testemunhas, o acusado ainda tentou atacar o pároco e também os fiéis que quiseram dominá-lo. O evangélico só foi contido com a chegada da Polícia Militar. Apesar de ser levado para a Delegacia em Sobral, Márcio Rener não ficou preso, acabou sendo liberado na manhã de ontem.

A invasão à igreja e a notícia da soltura do acusado trouxeram ainda mais revolta à população. “Ele estava bastante violento e parecia estar drogado. Foi muito trabalho para conter a sua fúria”, disse um dos fiéis, que prefere não se identificar.
A entrada de Márcio Renner na Igreja foi pouco percebida. Antes de se dirigir ao altar, ele deu algumas voltas no entorno da igreja, para ter a certeza que poderia cometer o ato sem ser interrompido.
Ao entrar no local, Márcio Renner foi direto para altar onde tentou subir e derrubar a imagem de Nossa Senhora da Conceição, que fica ao centro. Antes, já havia derrubado o sacrário, que é feito em bronze, destruído as imagens, e quebrado o crucifixo, de origem européia, feito em madeira, considerada peça rara, e depois destruiu as hóstias que seriam usadas naquela noite.
“Não tive mais condições de celebrar a missa, o nervosismo foi tão grande que achei melhor me recolher na Casa Paroquial”, disse o pároco. De acordo com o coordenador regional da Pastoral, padre Edmilson Eugênio, que também é coordenador regional da Pastoral, e que já viveu momento idêntico quando pároco de Santa Quitéria, uma situação como esta é difícil de ser evitada. “Nós estamos muito vulneráveis a este tipo de situação, pelo fato de lidar com o público. O padre estava celebrando fora da igreja quando ela foi atacada”, contou.
“Tive medo da revolta do povo em querer fazer justiça com as próprias mãos. O elemento invadiu um templo sagrado e mexeu com o sentimento do povo”, disse o padre Emanuel, ainda chocado com a cena.
Segundo comentam os moradores, a pessoa que invadiu a igreja tem comportamentos considerados estranhos. Em Janeiro desse ano, ele já havia sido preso, acusado de tentar invadir a Igreja Evangélica Assembléia de Deus naquela cidade. Renner é costureiro, gosta de ler revistas em quadrinhos como mostra ficha de sua freqüência na Biblioteca Municipal. “Ele, praticamente, já leu toda coleção da revista Asterix”, contou Eliane Santos, administradora da biblioteca. Pessoas próximas à família de Renner informou que, atualmente, ele mora em Fortaleza e que estaria na cidade para rever familiares.
Quem narra o fato com riqueza de detalhes é a Maria das Graças Freire Monte, ministra da Eucaristia. Ela conta que observava de longe o comportamento de Márcio Renner. Disse que se não fosse a agilidade de algumas pessoas, ele teria conseguido o seu intento, que era derrubar a imagem de Nossa Senhora. “Quando agarraram o rapaz, ele já estava tentando segurar a imagem com a intensão de derrubá-la. Em terra firme, ele se soltou por quatro vezes. Com um jeito feroz, parecia que tinha ingerido algum tipo de droga”, disse.
“Não entendo como uma pessoa tem a coragem de fazer o que foi feito aqui na Meruoca. Ele apenas não tentou destruir as imagens. Na verdade, o que ele fez foi destruir nossa paz, nossa tranqüilidade”, disse o integrante do Conselho Municipal de Defesa Social, Valter Ferreira de Freitas.
Diante do caso de destruição na Igreja Matriz de Meruoca, a Diocese de Sobral quer reforçar a segurança. “Contamos sempre com o apoio da Polícia, mas vamos pensar numa maneira de garantir a integridade física do pároco e dos fiéis”, disse padre Edmilson Eugênio.

DiárioNordeste/Padom

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