“Cristo é o centro da Igreja e não o papa”, diz Francisco I

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francisco iSorridente e bem humorado, o papa Francisco recebeu neste sábado a imprensa internacional que nos últimos dias acompanhou sua escolha como pontífice na sala das Audiências do Vaticano neste sábado e destacou que a Igreja não tem uma natureza política, mas espiritual e que a quer “pobre e para os pobres”.

Aplaudido largamente por milhares de jornalistas, dos 6 mil credenciados para o segundo conclave do século, muitos deles acompanhados de familiares e amigos, o papa revelou alguns momentos do conclave e por que escolheu o nome de Francisco.

Na capela Sistina, nos momentos decisivos do conclave, Jorge Mario Bergoglio teve uma conversa com o cardeal brasileiro Cláudio Hummes, prefeito emérito da Congregação para o Clero e arcebispo emérito de São Paulo que foi decisiva.

“Durante minha escolha, tinha junto a mim o arcebispo emérito de São Paulo e prefeito emérito da Congregação para o Clero, o cardeal Cláudio Hummes, um grande amigo, que quando a coisa começou a ficar perigosa, ele me acalmou. Quando os votos chegaram a dois terços e os cardeais aplaudiram, ele me abraçou, me beijou e me disse: ‘não se esqueça dos pobres'”, narrou o papa, sendo fortemente aplaudido na sequência.

Francisco contou que as palavras de Hummes ficaram em sua cabeça, o que, segundo ele, o remeteu a São Francisco de Assis, “um santo da pobreza e da paz e que ama e protege a criatura”.

“Como eu gostaria de uma igreja pobre, para os pobres”, exclamou o religioso em seguida.

Relaxado, o papa também revelou, entre risos, algumas lembranças do conclave. De acordo com ele, alguns dos cardeais lhe pediram que se chamasse Adriano, em homenagem a Adriano VI, conhecido como o “reformista”, e que inclusive lhe propuseram o nome de Clemente XV para “se vingar” de Clemente XIV, que suprimiu a ordem dos jesuítas.

Nesse ambiente cordial, o bispo de Roma agradeceu à imprensa o trabalho realizado desde a renúncia de Bento XVI ao Pontificado em 28 de fevereiro. “Como vocês trabalharam”, brincou.

Na mesma linha que Bento XVI, Francisco colocou Cristo no centro da vida do homem e disse que a Igreja existe “para comunicar a verdade, a bondade e a beleza”.

“A Igreja, embora seja uma instituição humana, histórica, com tudo o que comporta, não tem uma natureza política, mas essencialmente espiritual: é o povo de Deus que caminha rumo ao encontro com Jesus. Só nessa perspectiva se pode entender a obra da Igreja Católica”, declarou o religioso, que fez questão de destacar que Cristo é o centro da Igreja e não o papa.

Francisco discursou quase sempre em italiano, mas usou o espanhol, seu idioma materno, para dar a bênção aos presentes na sala das Audiências.

“Muitos dos senhores não pertencem à Igreja Católica e outros não são crentes, mas respeitando a consciência de cada um, lhes dou minha bênção, sabendo que todos nós somos filhos de Deus”, proclamou.

Depois, o pontífice cumprimentou uma representação de jornalistas de todo o mundo, entre eles uma argentina que lhe entregou um copo com mate. Também cumprimentou um deficiente visual que foi ao encontro de Francisco com um cão-guia.

O papa celebrará neste domingo uma missa na paróquia de Santa Ana e na sequência rezará da janela de seu apartamento o Ângelus, o primeiro do pontificado.

Na próxima segunda-feira, Francisco se reunirá com a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, na Casa Santa Marta. Um dia depois, celebrará a missa de início de pontificado, à qual assistirão delegações oficiais de 150 países e que deverá ter a presença de mais de 1 milhão de fiéis.

A agenda do papa, divulgada pelo Vaticano neste sábado, prevê ainda uma reunião, na quarta-feira, com as delegações de outras igrejas presentes na missa de início de pontificado e um encontro com o Corpo Diplomático credenciado, um dia depois.

No próximo sábado, o pontífice almoçará com o papa emérito Bento XVI. Ele se deslocará de helicóptero para a residência apostólica de Castel Gandolfo, onde se encontra seu antecessor.

Uol / Portal Padom

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