Coronavírus: o que acontece após OMS declarar emergência global

Coronavírus: o que significa a OMS declarar emergência global de saúde pública

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Há agora sete tipos de coronavírus conhecidos que infectam humanos

A Organização Mundial de Saúde (OMS), decretou que o atual surto do coronavírus que surgiu na china representa uma emergência de saúde pública global.

Em primeiro lugar: O que a OMS leva em consideração? A BBC entrevistou um porta voz da organização, ele explicou que o grupo de cientistas por trás da decisão considera critérios como o fato de estarmos lidando com um novo vírus e o risco de transmissão em outro país. Ou seja, não só o fato da doença ter sido registrada fora da China, mas também de ter sido disseminada entre pessoas fora do epicentro desta crise global, que é a China. Essa capacidade de se espalhar rapidamente também é um elemento importante. Primeiro, o fato de não haver imunidade na população já derruba algumas barreiras.

Além disso, já se sabe que uma pessoa consegue propagar o vírus mesmo sem apresentar sintomas, ou antes de apresentar sintomas. Os sintomas são febre, dor de cabeça, tosse seca, falta de ar e dificuldade de respirar. Um outro elemento é a taxa de mortalidade desse coronavírus. Ainda não há total clareza de qual afinal é essa taxa, mas os dados iniciais indicam que se trata de um vírus menos fatal do que, por exemplo, foi o da Sars, a Síndrome Respiratória Aguda Grave, que também surgiu na China, mas em 2002.

A mortalidade do atual coronavírus seria de cerca de 2 por cento dos infectados, enquanto em uma gripe sazonal comum, a gente vê uma letalidade de cerca de 0,1 por cento dos infectados. Na Sars, era de 10%. De qualquer forma, foi o conjunto de critérios que levou a OMS a chegar a essa conclusão de que se trata sim de uma emergência global de saúde pública.

A segunda questão é: o que acontece agora? É importante a gente ter em mente que a decisão da OMS tem peso sobretudo político — é um sinal que é enviado para os países membros, o Brasil entre eles, para desenvolver ações coordenadas, vacinas, tratamentos e pôr em prática precauções como verificação de viajantes em portos, aeroportos, medir temperatura, monitorar quem chegou de viagem, ainda que sem sintomas…
Muitos países já estão adotando essas medidas. A diferença é que com a emergência global,fica mais claro qual é a expectativa geral. Na China, por exemplo, as imagens são bastante fortes. Toda uma região, com milhões de pessoas, em quarentena, transporte público reduzido, muitas lojas fechadas e moradores sendo aconselhados a ficar em casa. Mas também fortes são as críticas de que as autoridades chinesas demoraram a agir.

Demorou cerca de um mês para que informassem à OMS sobre os misteriosos casos de pneumonia que começaram a surgir na região de Wuham no início de dezembro de 2019.
A terceira questão importante é que esse estado de emergência global faz pressão também para que governos, organizações e mesmo os cientistas se debrucem sobre o desenvolvimento de tratamentos e também de vacinas.

É bom lembrar que a China dessa vez divulgou rapidamente o código genético do coronavírus para pesquisadores, e em poucas horas já havia laboratório de pesquisas tentando desenvolver vacinas.

O problema é que isso demora. Um desses laboratórios, por exemplo, em San Diego, nos Estados Unidos, informou à BBC que os primeiros testes de uma vacina podem estar disponíveis em junho. Ou seja, não é da noite para o dia, mas pelo menos o processo já começou.

O quarto impacto da decisão da OMS é o reforço das orientações de tratamento de pacientes e de casos suspeitos. Medidas como o isolamento de doentes, o uso de proteção como máscaras adequadas, roupas especiais e também, por exemplo, a redução da movimentação de pacientes dentro de hospitais.

No Reino Unido, a indicação já é para que pacientes suspeitos, ou seja, que desenvolvam sintomas após retorno de viagens para as áreas mais afetadas, eles nem sequer compareçam aos postos públicos de saúde, mas façam contato inicial pelo telefone, justamente para evitar a disseminação da doença. Médicos, por exemplo, devem evitar exames sem a proteção adequada.

O quinto ponto é o reforço também da comunicação com o público sobre o que cada um pode fazer. Medidas simples, relativamente eficazes, para interromper surtos do tipo. Lavar as mãos, por exemplo. A recomendação é de gastar 20 segundos no ritual. Lavar bem entre os dedos, lavar debaixo das unhas,isso assim que chegar em casa, assim chegar ao trabalho, depois de ir ao banheiro, e secar bem as mãos, já que o vírus tende a se propagar mais facilmente se a mão estiver molhada. E não adianta lavar as mãos e pegar de novo aquele celular que parece limpo, mas não é.

Tem que limpar o celular também, e qualquer outro objeto de uso constante, cartão de crédito, carteira… Desinfetar com freqüência as superfícies e objetos em lugares públicos também é importante. Outra coisa é a etiqueta básica da gripe, que nem todo mundo segue.

O vírus sai em maior concentração quando a gente tosse ou espirra, então é preciso usar um papel pra conter o que sai, jogar o papel no lixo e lavar as mãos em seguida. E agora não é hora de bancar o mártir e vir trabalhar gripado, se está doente fique em casa.

A gente vai continuar acompanhando essa nova crise global de saúde.

Reportagem copilada da BBC News Brasil

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