Copa do Mundo 2010: Feiticeira diz que poderia ajudar seleção da África do Sul, mas não foi procurada

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Feiticeira diz ser irmã de atleta dos Bafana Bafana
Feiticeira diz ser irmã de atleta dos Bafana Bafana
Feiticeira diz ser irmã de atleta dos Bafana Bafana

Aberto em 2004 numa região empobrecida do centro de Johanesburgo, o Mercado de Faraday não aparece em qualquer guia de viagem, mas é muito conhecido dos sul-africanos. Ali se concentram uma dezena de feiticeiros – ou curandeiros tradicionais, como eles preferem ser chamados – que propõem terapias para os mais diferentes problemas, da insônia à Aids, da impotência ao câncer.Donos de “poderes divinos”, mas bem conscientes da realidade em que vivem, os feiticeiros do Mercado de Faraday estão preocupados, como de resto todo o país, com a situação da África do Sul na Copa do Mundo. “Eu poderia ajudá-los”, diz a curandeira Ntombizonke Mpanza. “Mas o time nunca me consultou”, lamenta.

Nesta terça-feira, a África do Sul faz um jogo de vida ou morte contra a França. Precisa vencer por um bom placar e torcer para que Uruguai e México não empatem. Só um milagre, de fato, classifica a seleção anfitriã para as oitavas de final.

“Há um feitiço muito conhecido que ela poderia fazer”, explica um colega de Ntombizonke Mpanza, que não se identifica. “Cada vez que a bola vem na direção do goleiro adversário, ele vê um leão e se abaixa, com medo”, diz.

Difícil saber o que é verdade e o que é enganação no Mercado de Faraday. Ntombizonke Mpanza nos apresenta a sua assistente, uma sorridente curandeira, que exibe um dente de ouro no lugar de um dos dentes da frente. “Ela é irmã do Tshabalala”, diz, referindo-se a um dos craques da seleção de Carlos Alberto Parreira.

Pergunto a ela quantos irmãos têm o jogador. “Muitos”, ela responde. “Somos uma família muito grande”. Peço que ela soletre seu nome e, com a ajuda de um tradutor, ela anota: “Elisa Shabalala”, sem o “tê” do nome do jogador.

Ntombizonke Mpanza trabalha com ervas, ossos e carcaças de animais. Combina-os, de acordo com as necessidades, tritura o material e oferece poções que podem ser bebidas ou usadas para banhos de imersão. A feiticeira não dá detalhes, mas assegura curar Aids e câncer. “Coloca na sua reportagem. Quem sabe você não me arruma clientes do Brasil”, diz, sorridente.

Quanto custa uma consulta com a curandeira? “Primeiro, eu ouço a pessoa. Vejo o quanto ela está doente. Quando chega aqui, normalmente, a pessoa já gastou muito dinheiro com outros tratamentos”, diz. Para um paciente com dificuldades financeiras, Ntombizonke Mpanza diz cobrar um mínimo de 250 rands (cerca de R$ 60). Remédios para insônia e impotência estão entre os mais solicitados no Mercado de Faraday. “E também epilepsia e hemorróidas”, acrescenta a curandeira.

Pergunto a Ntombizonke Mpanza como ela virou curandeira. “Comecei, como todos, ficando doente. Por muito tempo, tomei todos os remédios e nada funcionou. Até que, um dia, ouvi a voz de um ancestral, que me deu recomendações”, conta. Ao longo do treinamento, diz, passou por provações duras. “Você tem que acordar as três da manhã e tomar banho gelado, mesmo no inverno”, revela. “E não pode ver nenhum homem até completar a preparação”.

E quanto tempo demora para virar um curandeiro? “Depende do espírito que está dentro de você”, ela responde.

Fonte: UOL / Padom

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