Um missionário cristão recentemente revelou algumas das condições horríveis no Sudão dilacerado pela guerra, compartilhando como as circunstâncias desesperadoras são insuportáveis e mortais.
Kafeel Amani, cujo nome foi alterado por razões de segurança, disse ao Christian Headlines que “a vida é extremamente terrível” para aqueles que estão dentro de uma nação em guerra.
“Não há estabilidade, pois tiros e explosões são a ordem do dia”, disse ele. “As pessoas vivem com medo e desesperança. A vida se torna sem sentido, já que o valor dos seres humanos é reduzido a nada”.
As pessoas têm fugido do Sudão à medida que as batalhas continuam e a vida se torna insustentável. A situação “catastrófica” continua a se deteriorar, com a falta de energia, água e alimentos. A crise atual no Sudão levou ao que a Reuters chamou de “colapso da lei e da ordem”.
Isso é resultado dos confrontos entre uma força paramilitar chamada Forças de Apoio Rápido e o exército do Sudão – um conflito que começou em 15 de abril e agora está em sua sexta semana.
Amami contou ao Christian Headlines sobre as histórias trágicas e horríveis que está ouvindo.
“Tenho ouvido histórias de deslocamento em massa, destruição e estupro de pessoas incapazes de deixar a zona de guerra simplesmente porque não há meios de transporte ou porque a viagem é impossível”, disse ele.
O missionário disse que os combates forçaram centenas de milhares de pessoas a fugir do Sudão e se dirigir ao Sudão do Sul, Chade, Egito e Etiópia na esperança de escapar do caos, de acordo com o Christian Headlines.
Algumas estimativas colocam o número total de deslocados bem acima de 1 milhão.
“Corpos mortos são vistos em todos os lugares, inclusive nas ruas. Hospitais estão fora de serviço, e muitos deles foram transformados em bases militares”, disse Amani. “O Aeroporto Internacional de Cartum ainda está fora de serviço após ter sido alvo nos primeiros dias da guerra”.
Relatos indicam que igrejas estão entre os locais que estão sendo saqueados e atacados. As Forças de Apoio Rápido estão invadindo casas de culto e bens cristãos.
Amani pediu oração para conseguir evacuar sua família do Sudão, pois ele tem irmãos presos lá e também membros da família que fugiram para o Quênia e precisam de assistência.
Mas ele também pediu oração para que ele alcance os corações e as mentes daqueles que estão sofrendo.
“Ore para que eu continue trabalhando arduamente para ajudar aqueles que são perseguidos por sua fé”, disse ele. “Ore para que muitas vidas sejam transformadas e salvas por meio deste ministério”.
O Sudão é o décimo país mais difícil para os cristãos viverem, de acordo com a “Lista Mundial da Perseguição” da Portas Abertas. Com apenas 2 milhões de crentes em seu território, os cristãos representam apenas 4,3% da população.
A Portas Abertas observou que houve “avanços positivos” em relação à liberdade religiosa nos últimos anos, mas a perseguição cristã continua alta e a guerra em curso no país, que se intensificou desde 2021, pode agravar ainda mais essas dinâmicas.
“A tomada do poder ocorreu após uma escalada das hostilidades entre islâmicos conservadores que desejam um governo militar e aqueles que derrubaram Omar al-Bashir em abril de 2019”, explicou a Portas Abertas. “A derrubada de al-Bashir resultou em um governo de transição, com poder compartilhado entre os militares e líderes civis”.
Com tanta incerteza, alguns temem que a pena de morte por deixar o Islã – que foi abolida em 2020 – possa retornar, entre outros horrores.
Segundo a Reuters, a crise atual começou por causa de disputas sobre planos para integrar as Forças de Apoio Rápido ao Exército Sudanes e a cadeia de comando que seguiria.
O General Abdel-Fattah Burhan, que lidera o exército do Sudão, e o General Mohammed Hamdan Dagalo, das Forças de Apoio Rápido, ambos buscam o que a AP chamou de “legitimidade internacional”. Depois de se unirem para assumir o poder em 2021 após a queda do ex-líder sudanês al-Bashir, a atual divergência deles coloca em dúvida as esperanças de transição democrática do Sudão.
A AP informou no mês passado que os Estados Unidos e outras nações evacuaram diplomatas e funcionários à medida que o caos se intensificava. Ore pelo Sudão, pelos refugiados e pelos países vizinhos lidando com o caos.
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