A Carta de Paulo aos Romanos Denuncia a Falsa Igreja de Roma

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falsa-igreja-pauloAgora, se a causa dos sacerdotes e jesuítas do seminário é tão santa, verdadeira e inocente que pode autorizar a sua consciência a justificar a morte e com isso arriscar a sua salvação eterna, permita-se que seja juiz disso a Epístola escrito por Paulo aos antigos cristãos romanos (mas contra os nossos novos romanos anticristãos). E se verá claramente que a doutrina que o apóstolo ensinou à antiga igreja em Roma é diametralmente oposta, em vinte e seis pontos fundamentais da religião verdadeira, à doutrina que a nova igreja de Roma ensina e sustenta, pois o apóstolo Paulo ensinou à primitiva igreja de Roma as seguintes verdades:
1. Que a nossa eleição é pela livre graça de Deus, e não ex operibus praevisi {pelas obras previstas} (Rm 9.11; 11.5-6).
2. Que somos justificados diante de Deus pela fé somente, independentemente das boas obras (Rm 3.20, 28; 4.2ss; 1.17).
3. Que as boas obras dos regenerados não são por sua própria condignidade meritórias, nem são de tal natureza que mereçam o céu (Rm 8.18; 9.6; 6.23).
4. Que somente são oráculos de Deus e Escritura canônica os livros que foram confiados à custódia e ao crédito dos judeus (Rm 3.2; 1.2; 16.26), o que os apócrifos nunca foram.
5. Que as Sagradas Escrituras têm autoridade de Deus (R, 9.17; 11.4, 32, comparados com Gl 3.22), portanto, acima da autoridade da igreja [1].
6. Que todos os que sejam salvos, tanto clérigos como os leigos, devem ler e conhecer bem as Escrituras Sagradas (Rm 15.4; 10.1-2, 8; 16.26).
7. Que todas as imagens feitas do Deus verdadeiro não passam de ídolos (Rm 1.23 e Rm 2.22, comparados).
8. Que dobrar os joelhos religiosamente ante uma imagem ou cultuar qualquer criatura, é mera idolatria (Rm 11.4) e prestar serviço à mentira (Rm 1.25).
9. Que não devemos orar a ninguém, senão unicamente a Deus, em quem cremos (Rm 10.13-14; 8.15, 27); logo, não a santos e anjos.
10. Que Cristo é o nosso único intercessor no céu (Rm 8.34; 5.2; 16.27).
11. Que o único sacrifício dos cristãos é o de natureza espiritual – os sacrifícios espirituais de seus corpos e suas almas para servirem a Deus em santidade e justiça (Rm 12.1; 15.16); logo, não há nenhum real sacrifício de Cristo na missa. Quer dizer, o pretenso sacrifício de Cristo na missa é absolutamente sem fundamento bíblico.
12. Que o culto chamado dulia, bem como o chamado latria, pertencem unicamente a Deus (Rm 1.9; 12.11; 16..18, comparados).
13. Que todos os cristãos têm o direito de orar em sua própria língua materna (Rm 14.11).
14. Que, no estado de corrupção em que nos encontramos, não temos livre-arbítrio para o bem (Rm 7.18ss; 9.16).
15. Que no regenerado a concupisciência é pecado (Rm 7.7-8, 10).
16. Que os sacramentos (ordenanças) não conferem graça ex opere operato, mas são um sinal e selo de que a graça já nos foi conferida (Rm 4.11-12; 2.28-29).
17. Que, pela fé, o verdadeiro cristão pode ter, nesta existência, certeza da sua salvação (Rm 8.9; 16.25ss).
18. Que, nesta vida, desde a queda de Adão, ninguém pode cumprir perfeitamente os mandamentos de Deus (Rm 7.10ss; 3.19ss; 11.32).
19. Que a religião baseando-se na diferença de comida e de dias entende o que é superstição (Rm 14.3, 5-6, 23).
20. Que unicamente a justiça de Cristo imputada nos torna justos diante de Deus (Rm 4.9, 17, 23).
21. Que a carne de Cristo for feita da semente de Davi, mediante a encarnação; não por um bolinho a que chamam hóstia, mediante a inexistente transubstanciação (Rm 1.23).
22. Que todos os cristãos verdadeiros são santos, não aqueles que o papa canoniza (Rm 1.7; 8.27; 15.25, 31; 16.2, 15).
23. Que ipse, Cristo, o Deus da paz, e não ipsa, a mulher, esmagará a cabeça da serpente (Rm 16.20).
24. Que toda pessoa deve, em razão da consciência, estar sujeita a pagar tributo aos poderes mais altos, isto é, aos magistrados, os quais trazem consigo a espada (Rm 13.1-2ss). Logo, o papa e os prelados devem sujeitar-se a seus imperadores, reis e magistrados, caso contrário trarão sobre si a condenação como traidores que resistem a Deus ao Seu mandato (Rm 13.2).
25. Que Paulo, e não Pedro, for ordenado pela graça de Deus para ser o principal apóstolo dos gentios e, consequentemente, de Roma, a principal cidade dos gentios (Rm 15.15-16, 19-20ss; 11.4, 13, 16) [2].
26. Que a igreja de Roma está sujeita a errar e a cair da fé verdadeira da mesma foma como a igreja de Jerusalém e qualquer outra igreja particular (Rm 11.20-22).
E, visto que a nova e adventícia igreja de Roma ensina visivelmente em todos estes pontos, e em inumeráveis outros, o contrário do que o apóstolo ensinou aos primitivos romanos, Deus e a Epístola aos Romanos julguem entre nós e eles nestes aspectos: se tanto nós como os atuais romanos permanecemos na verdadeira e antiga fé católica [nota minha:católica significa universal], que o apóstolo ensinou aos antigos romanos; se fizemos bem em separar-nos deles, na medida em que eles se afastaram da doutrina do apóstolo Paulo; e se não é melhor estar de volta à verdade do apóstolo Paulo do que continuar no erro de Roma. Sendo assim, que os jesuítas e os sacerdotes do seminário se acautelem e temam, cuidando de não promover, não a fé, mas uma facção; não a verdade, mas uma traição; não religião, mas rebelião; começando no rio Tibre e terminando no Tiburno, ou seja, na forca, erros todos que são a causa das suas mortes. Eles são enviados por uma importuna e apostática sé, e não por uma sé apostólica, porque não podem deixar de persuadir os súditos a quebrar seus juramentos e a romper sua lealdade para com o seu soberano e suscitar rebelião, a mover invasões, a apunhalar e envenenar rainhas, a gerir e assassinar reis, a explodir propriedades com pólvora (…)
Mas, deixando que os que estão sujos sujem-se ainda (Ap 22.11), atentemos para nós, a quem a fidelidade do Senhor confiou Sua fé verdadeira como precioso depósito (1Tm 6.20), e oremos a Deus, rogando-Lhe que nos ajude a levar vida santa, correspondente à nossa fé santíssima, uma vida piedosa ligada a Cristo e com obediência a nosso rei (Pv 24.21; 1Pe 2.17).
 
– por – Lewis Bayly (1565-1631)
Extraído do Livro:  A Prática da Piedade, Ed. PES, pág. 428-433
 

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