Candidatura de Marina Silva divide militantes do movimento LBGT nacional

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A pré-candidatura da senadora Marina Silva ao Governo Federal nas próximas eleições pode dividir opiniões entre os ativistas mais importantes do movimento LGBT brasileiro. Parte da militância é tradicionalmente apoiadora do PT e seus políticos. Esse apoio tem fundo ideológico mas também pragmático: a maior bancada de deputados signatários da Frente Parlamentar pela Cidadania LGBT são do PT e de outros partidos tradicionalmente ligados à esquerda. Marina foi convidada mas nunca assinou sua entrada na Frente Parlamentar LGBT. E sua trajetória pessoal conta com um aparente agravante para esta comunidade: Marina é evangélica.Partido

A ABGLT _principal entidade de articulação política do movimento brasileiro_ vem adotando uma atitude cada vez mais pragmática, com diálogo aberto a políticos não ligados à causa, tanto quanto com setores religiosos moderados. No embate José Serra x Lula, seria esperado um apoio mais a Lula. Com a recente presença de mais um nome nesta disputa, o de Marina Silva, o movimento LGBT deve cobrar posições da candidata. Em especial, por ter em Marina uma figura que pouco se sabe sobre suas convicções a respeito dos direitos civis homossexuais. É o que pondera Toni Reis, presidente da ABGLT: “Marina foi convidada para entrar na Frente Parlamentar pela Cidadania LGBT. Não entrou. Mas também não entrou na Frente Evangélica”.
O ativista Julian Rodrigues, que possui bastante trânsito em Brasília, confirma a posição de Toni. “Nunca vi a senadora tratar destas questões (gays). Se, por um lado, ela não faz parte da tropa de choque homofóbica, vinculada ao fundametalismo religioso, por outro, ela também não é uma parceira da luta LGBT. Nunca se destacou por ações de combate à homofobia, priorizando outros temas”. Marina vai se candidatar pelo PV, um partido tradicionalmente ligado a causas sociais e que possui em seus quadros um dos maiores defensores dos direitos gays, Fernando Gabeira. Mas Julian não acredita que o partido de fato interfira nas posições de Marina já que “o PV é um Partido heterogêneo, muito desigual. Tem setores conservadores e ouros progressistas. Não é uma legenda uniformemente vinculada a luta dos direitos humanos. Tem o Gabeira, mas tem também o Zequinha Sarney”.

Posição clara
O histórico da senadora não é muito animador para a comunidade homossexual. Segundo Toni Reis, Marina “foi pressionada para se pronunciar contra o PLC 122 e adoção de crianças por casais homoafetivos e não se pronunciou nem contra e nem a favor”. Essa neutralidade preocupa, já que Lula e José Serra já se manifestaram completamente favoráveis à lei que criminaliza a homofobia, em trâmite no Congresso. Marina não. Lula e Serra também já declararam apoio à união civil gay. Até Kassab, outro político de direita em ascensão, declarou seu apoio a essas leis. Marina não o fez. Toni e Julian concordam, contudo, em abrir diálogo com Marina. “Vejo que Marina Silva é a demonstração de que o diálogo e o respeito entre o movimento LGBT e uma determinada parcela da população evangélica é possível e pode ser salutar”, segundo análise de Toni, presidente da ABGLT. “Defendo que o movimento LGBT dialogue com ela e com todas as outras candidaturas, cobrando um avanço na nossa pauta no próximo governo”, defende Julian.

MixBrasil/padom.com.br

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