Aquele de quem abri mão

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abrir-maoDizer adeus para aquele que foi ‘quase’ para sempre, foi uma das coisas mais difíceis que já fiz.

Há quatro anos, sofri com o fim de um relacionamento, e foi a maior dor da minha vida amorosa.

Andrew e eu namoramos, entre idas e vindas, por três anos, e sabíamos que precisávamos tomar uma decisão: ou nos casávamos ou cada um viveria separadamente.

Apesar de tê-lo conhecido na igreja em um jantar de Dia dos Namorados, e apesar de ele me fazer rir e de me fazer sentir linda, de amar a Deus e sua família, eu ainda estava incerta a respeito do casamento com este homem incrível.

Perguntei a meus amigos que eram casados o que sentiam antes de se casar. Todos responderam: “Eu simplesmente sabia que aquela era a pessoa certa!”, sentimento este que eu não experimentava, mesmo depois de tanto pensar e analisar a situação. Procurei um psicólogo cristão que afirmou que eu não tinha fobia de compromissos sérios. Orei, ou melhor, implorei pela direção de Deus. Quando me deparei com o silêncio e a falta de paz durante os meses seguintes, lentamente decidi abrir mão desse relacionamento.

Sem nenhuma razão tangível para o término, tenho questionado ao longo destes quatro anos a sabedoria de minha decisão. Não poderia dizer que tínhamos “diferenças irreconciliáveis”, “eu quero filhos e ele não quer”, nenhum fator para que eu atribuísse culpa, apenas uma vaga sensação de que Deus havia dito não.

Alternei entre épocas de paz (que graças a Deus têm aumentado ao longo dos anos) e épocas de ansiedade buscando confiar plenamente no plano de Deus. Não permaneci obcecada pelo assunto, apenas com um ponto de interrogação ao pensar na situação e perguntar: “Deus, foi mesmo um direcionamento do Senhor?”

Ano passado, fiz uma viagem com uma amiga para fazer compras e vi Andrew em uma loja de móveis.

Havia uma mulher com ele. Andrew e eu não nos víamos há mais de dois anos, e mesmo assim não tive coragem de cumprimentá-lo. Fiquei remoendo o fato de ter sido tão covarde, conversei com Deus sobre este encontro “por acaso”: “Deus, o Senhor queria que nos encontrássemos novamente e retomássemos contato? Será que agora é o momento certo?”

Os questionamentos “e se…” apareceram, orei mais uma vez por paz e direção. Desde que terminamos o relacionamento há quatro anos, namorei pouco. Quando deixei Andrew, secretamente pensava que apareceria alguém melhor em breve. Ao ver que isto não acontecia, comecei a duvidar da minha decisão e de ter atribuído isso ao direcionamento de Deus. Lembro-me de ter dito a Deus que seria um alívio saber que a mulher que acompanhava Andrew na loja de móveis era esposa dele. Isso faria com que todos os meus questionamentos se calassem de uma vez por todas.

Há um mês, tive outro encontro “por acaso”, dessa vez com uma mulher do meu grupo de estudo bíblico. Conversávamos sobre o trabalho e casualmente o nome de Andrew foi citado; descobri que ela o conhecia. Inclusive haviam sido namorados por algum tempo. Ela ainda o encontrava no trabalho e sabia que ele havia se casado fazia poucas semanas.

Fiquei paralisada, em silêncio, com uma mistura de sentimentos de luto e paz em meu coração. O que me paralisou foi a claridade de uma porta fechada e a solidão de um horizonte vazio, tudo de uma vez. Fiquei impressionada com a forma com que Deus havia orquestrado esta resposta à minha oração. Não foi uma confirmação de que minha decisão de deixar Andrew era totalmente vontade divina, mas Deus trouxe a paz que eu precisava para viver e enxergar o futuro. E aprendi que muitas vezes é disto que precisamos esperar. Saber que Andrew havia se casado foi difícil para mim, mas foi um lembrete claro de que Deus tem tudo sob controle: términos de relacionamentos e casamentos, questionamentos de “e se…”, respostas de oração e, um dia, se for parte do plano divino, a chegada de uma pessoa para sempre. Mais uma vez Deus provou que está lá, me ouvindo, cuidando de cada detalhe. Estas verdades serão minha companhia, não importa o que venha a acontecer no meu futuro.
Claire Matthews é o pseudônimo de uma escritora de Chicago, nos Estados Unidos.

por Christianity Today International
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