A apostasia dos recasamentos nas igrejas evangélicas

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Em Mateus 19, nos versos de 7 a 9, lemos:
“Disseram-lhe eles: Então, por que mandou Moisés dar-lhe carta de divórcio, e repudiá-la? Disse-lhes ele: Moisés, por causa da dureza dos vossos corações, vos permitiu repudiar vossas mulheres; mas ao princípio não foi assim. Eu vos digo, porém, que qualquer que repudiar sua mulher, não sendo por causa de fornicação, e casar com outra, comete adultério; e o que casar com a repudiada também comete adultério”.
Opa!! Jesus está dizendo categoricamente que NO PRINCÍPIO NÃO ERA COMO ACONTECEU NOS TEMPOS DE MOISÉS E SUBSEQUENTE! Ou seja, no princípio, Deus estabeleceu exatamente como dissera em Gênesis 2.24. O propósito de Deus era que homem e mulher deixassem os lastros com suas famílias anteriores e, pelo casamento, tornassem uma só carne.
Quando Jesus é cobrado sobre esse assunto, Ele afirma que, não sendo por causa de fornicação, ou seja, infidelidade, não existe SEPARAÇÃO. Cabe salientar que não é uma autorização para que, quando há crise no casamento, um dos dois cometa adultério, para justificar a separação. Deus sonda os corações. Apesar de haver uma exceção para que fosse dada a carta de divórcio, outra questão é NOVO CASAMENTO, sobre o qual Jesus faz algumas observações nos outros evangelhos. Quem trata disso mais amiúde, posteriormente, é Paulo.
Mesmo que possamos afirmar, em último caso, que um caso de adultério justificaria uma separação e um divórcio, creio, fortemente, que há uma dubiedade muito grande nesse assunto, porque nos outros evangelhos não foi incluída a questão do adultério (prostituição) como Jesus fala em Mateus.

Observe em Marcos 10,11-12. Nesse outro texto, embora seja a mesma situação, Jesus afirma de modo diferente.

“O homem que se divorciar de sua mulher e se casar com outra comete adultério contra a primeira mulher. E se a mulher se divorciar do seu marido e se casar com outro homem, ela comete adultério.” Da mesma maneira, em Lucas 16,18 diz “Todo o homem que se divorcia da sua mulher e se casa com outra, comete adultério; e quem se casa com uma mulher divorciada do seu marido comete adultério”.
Isso é importante para que possamos acabar com essa idéia que o divórcio é aceito por Deus. O divórcio NÃO É ACEITO POR DEUS.
Em determinados casos, quando uma pessoa se juntou a outra fora da cobertura do Evangelho pode até ser aceitável e tolerável a separação, caso essa pessoa chegue na igreja já separada. Nessa situação, é complicado desejar que essa pessoa se reconcilie com seu antigo cônjuge. Apesar de termos que aceitar a pessoa na comunhão dos santos, essa pessoa, forçosamente, vai ter problemas para exercer o ministério, uma vez que, nas recomendações paulinas quanto ao preparo do ministério, não existe apoio para ordenar recasados ou separados.
Essa questão excepcional (do adultério) também não aparece na discussão de Paulo sobre o divórcio e o recasamento. Em Romanos 7,2-3, ele escreve que “a mulher casada está ligada por lei ao marido enquanto este vive; mas, se ele morre, ela fica livre da lei conjugal. Por isso, enquanto o marido está vivo, se ela se tornar mulher de outro homem, será chamada adúltera. Mas, se o marido morre, está livre em relação à lei, de modo que não será adúltera se casar com outro homem.” Veja que ele diz que sobre tal mulher se tornar mulher de outro homem, mas não alude ao fato da mulher estar ou não divorciada.
E em 1 Coríntios 7,10-11, 39, ele continua escrevendo: “Aos que estão casados, ordeno. Aliás, não eu, mas o Senhor: a esposa não se separe do marido; ecaso venham a separar-se, não se case de novo, ou então reconcilie-se com o marido. E o marido não se divorcie da sua esposa… A esposa está ligada ao marido durante todo o tempo em que ele viver. Se o marido morrer, ela ficará livre para casar-se com quem quiser; mas apenas no Senhor.” Neste ponto, veja que Paulo orientava a IGREJA.
Assim, é notório que se DEUS UNIU, NÃO SEPARE O HOMEM. (Mat 19.6). Leram bem o que Paulo ensinou? A esposa não se separe do marido. Não brigue com este autor, brigue com Paulo, no caso de você desejar a separação.
Tenho ouvido absurdos recentemente vindos de irmãos, que me perguntam: “mas, pastor, e se o amor acabar?” Esquecem esses queridos que AMAR marido ou esposa é obrigação mútua do casal e não algo natural que vem de dentro de cada um como o mundo entende. Amor para cristão é uma dedicação comparada com a de Jesus à igreja. Para aqueles que têm dúvida sobre isso, recomendo uma leitura concentrada em Efésios 5, do verso 22 ao 33. Amar não é brotar algo de dentro de nós que dependa de uma fonte. Quando essa fonte se esgota, acaba-se o amor. Não. Amar é dedicar-se ao outro como Jesus se entregou a nós e isso só vem dia após dia.
 Uma outra importante característica presente nos ensinos de Paulo sobre o casamento é que ele também estava lidando com um público greco-romano (era um público acostumado aos pecados sexuais) e ele, nesse caso em particular, não faz uma exceção para a infidelidade ou pecado sexual. (como abordou Jesus em Mat 19).
Uma explicação para o texto de Mateus, quando Jesus apresenta o caso da prostituição como uma causa de divórcio, era o caso de alguém que se divorciava de uma mulher (ou do homem) que já fosse, antes de se casar, um (a) adúltera (o). Nessa situação, esse alguém, caso se separasse, não estaria cometendo adultério ao casar com a outra pessoa, porque, em tese, seu casamento já havia nascido morto.
A outra hipótese é que a traição, por meio do ato sexual, quebra a UNIDADE DE SER UMA SÓ CARNE. Quando Paulo fala que o marido não é dono de seu corpo, mas sim sua mulher e vice-versa (I Cor 7.4), ele aponta que um casal uma CARNE ÚNICA (I Cor 15.39). O adultério quebra isso e, desse modo, por essa razão, seria a única HIPÓTESE de separação.
 Ora, em casos atuais que se vive nas igrejas evangélica, estão tratando o casamento como uma relação comercial, do mesmo modo que o mundo trata. Muitos casais estão indo para a fila da separação por motivos banais e, em muitos casos, com a conivência de seus líderes. Não há maldição maior que quebrar uma doutrina santa do Senhor pela simples e ignota condição de alienação das Escrituras Sagradas. Não há um único relato na Palavra de Deus permitindo a separação. Não, não há. Em contrapartida, não vemos um único exemplo de algum casal que se separou e continuou, cada um, exercendo seu ministério. Hoje em dia, estamos repletos de homens que já se separaram e que voltaram à ativa na igreja como se nada tivesse acontecido. Continuam nos palcos de pregação da mídia e das igrejas.
Poderia me lembrar de Caio Fábio, Napoleão Falcão, Geziel Gomes, Miguel Angelo, Juanribe Palharim e outros que eu não sei. Se você, meu caro leitor, souber de mais algum pregador que está na ativa, estando em segundo ou terceiro casamento, manda-me um e-mail para que eu divulgue depois.
Todos continuam atuantes e cheios de “marra” espiritual. O meu consolo é que darão conta um dia diante dos Reis dos Reis e Senhor dos Senhores e terão que se humilhar para serem julgados.
Isso ocorre muito porque a liderança está comprometida. Se em uma igreja o pastor adulterou ou se separou e continua à frente do trabalho, o que ele dirá quando seus obreiros começarem a se recasar?
  Eu sei que NADA disso tem sido mostrado ou ensinado com ênfase nas nossas igrejas (o que é uma pena) e já existem muitos recasados em funções de liderança, de modo que isso parece ser algo natural, mas é importante que todos saibam o que a Bíblia determina sobre isso.
Assim, se alguém se separa não sendo por prostituição (embora essa causa também seja questionada), ambos não podem mais contrair matrimônio. Se um deles contrai novo matrimônio, então todos estarão em adultério.
No caso de irmãos que já estavam separados quando vieram para Jesus e para a igreja, não há como impor que essa pessoa não se case. Se quiser exercer ministério, então, é melhor não se casar. Se desejar casar, terá limitações no exercício ministerial.

por: Aureo R Vieira da Silva

 Restauração da Palavra / Portal Padom

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