A extinção dos cristãos sírios

228
cristãos-sirios-igreja-destruida

cristãos-sirios-igreja-destruidaDesde que os rebeldes sírios e certos grupos jihadistas tomaram o controle de uma dúzia de bairros de Aleppo, a vida dos cristãos nesta antiga cidade tornou-se impossível. A maioria fugiram para as cidades que estão sob controle do regime de Bashar al-Asad e aos poucos dificilmente se atrevem em deixar as suas casas.

Muito proprietários de fabricas de Sheikh Nayar, o cinturão industrial de Aleppo, eram cristãos que se viram obrigados em fechar suas fabricas quando grupos jihadistas como a Frente al Nusra o Ahrar Al Shams os obrigou a pagar uma espécie de imposto revolucionário de mudança de proteção.

“Um dia chegou a nossa fabrica um grupo de 15 rebeldes armados e pediram ao gerente para usar os navios para colocar baterias antiaéreas. O homem chamou meu pai para vir. Depois de discutir com eles, meu pai recusou, porque o regime acabaria bombardeando”, conta Río, um cristão de 23 anos que usa um nome falso por motivos de segurança.

No final, seu pai teve que pagar ao Exercito de Libertação da Síria (ELS) cerca de 50 mil dólares, embora o primeiro houvesse exigido 200 mil para proteger a fabrica. Essa não foi à única vez que os rebeldes obrigaram a desembolsar uma grande soma de dinheiro: no mês seguinte visitaram cinco homens armados que exigiram outros 15 mil dólares.  “Meu pai lhe disse que já havia pagado da outra vez e eles o ameaçaram com uma arma e com a morte se ele recusasse”, denuncia este cristão de Aleppo, antes de acrescentar que “não há revolução, são simplesmente quadrilhas”.

Río vive em um bairro de Al Aziza, uma área de fronteira entre os bairros que segue sob o controle das forças do regime e aqueles que têm sido liberados. Os pontos de controle que foram instalados os rebeldes em torno também se tornaram em pontos perigosos. “Um dia ia dirigindo e os rebeldes me pararam. Um deles se dirigiu a mim em língua estrangeira, acredito que falava farsi, e vestia com um salwar Kameez (traje típico do Afeganistão e Paquistão). Ele não sabia ler árabe e tirou a minha identificação no solo.Depois me obrigaram a sair do carro e me roubaram”, denuncia.

Há um ano, Aleppo era uma cidade tranquila dentro do ninho sírio, mas desde que chegaram os combatentes de Liwa al Tauhid e a Frente al Nusra (a principal milícia salafista em Aleppo), a cidade esta sendo islamizada, assegura o cristão.

Ele conta que nos bairros de Harare, Al Shaar, Saif al Daula e Tariq Al Bab (todos eles sob controle rebelde), esta sendo implantado pouco a pouco a lei islâmica. “Querem fazer de Aleppo um Estado Islâmico. Nas mesquitas, os xeque (clérigos muçulmanos) tem proibido as mulheres de dirigir e as obrigam a usar o hijab (véu muçulmano). E agora dizem que  vão criar uma polícia moral ao estilo da Arábia Saudita”, avisa Río.

“Os cristãos são pessoas de paz e não queremos pegar em armas”, diz Río, apesar de reconhecer que se a situação continuar desta forma “não sabemos o que vai acontecer com a gente”. Em seu bairro, Al Azizia, foi criado uma espécie de policia local, que tem levantado barreiras nas estradas e saídas do bairro. Com a participação de 40 voluntários aos que o regime de Al Asad lhe tem entregado uma arma e que se dedicam em patrulhar e inspecionar os veículos nos postos de controle.

Río não se declara partidário de Bachar Al Asad, mas considera que o Exercito de Libertação sírio (ELS), está formado por “combatentes islâmicos pagos pela Arábia Saudita e Qatar“. Ele dá como exemplo um recente ataque com uma ambulância bomba em um subúrbio cristão de Siryan al jadida, que matou vários soldados do regime em  um posto de controle. “Prestar serviço militar é uma obrigação para todos os sírios homens, mas lutar contra o ELS é uma escolha. Muitos tem decidido unir-se aos rebeldes  porque na Síria não tem trabalho”, diz ele.

“Em Aleppo vivem meio milhão de cristãos e ninguém nos ajuda“, denúncia, em referencia aos países europeus católicos que não prestam nenhum tipo de ajuda humanitária aos cristãos sírios. “Necessitamos de medicamentos, precisamos de comida. Nós não queremos deixar Aleppo, não temos para onde ir”.

Praticamente toda a província esta sob o controle de ELS e os cristãos tão pouco estão seguros nos campos de refugiados no sul da Turquia, porque “estão cheios de radicais salafistas“, lamenta.

Río também denuncia que Ganges criminosas “estão sequestrando os cristãos e pedem resgates entre 20 mil a 100 mil dólares“. Faz dez dias que raptaram seu amigo Antonie. “Vinha de ônibus de Seraqib (Idlib) para AlepPo. Seu pai recebeu uma chamada de um desconhecido que disseram que estavam com seu filho. Nós não sabemos mais nada sobre ele”.

Portal Padom

Com informações de elconfidencial

Deixe sua opinião